Factos e curiosidades

Ano de 2020

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Dezembro

Legenda: Cartaz de divulgação do concurso para atribuição de bolsas de estudo para bolsas de estudo para os EUA, pela Comissão Cultural Luso-Americana, 1968. Arquivo Comissão Fulbright.

A 19 de março de 2020 cumpriram-se 60 anos de criação da Comissão Cultural Luso-Americana – Comissão Fulbright em Portugal ao abrigo de um Acordo de Cooperação firmado entre os governos de Portugal e dos Estados Unidos da América. Desde então, a Comissão Fulbright tem vindo a organizar e dinamizar intercâmbios nos domínios da educação, do ensino e da investigação científica, promovendo e incentivando o intercâmbio cultural entre os dois Estados.

O Programa Fulbright surge nos Estados Unidos da América, por proposta de J. William Fulbright (1905-1995) que, no final da II Guerra Mundial, propôs que a venda de materiais de guerra, excedentes no exterior, fosse usada para financiar programas de intercâmbio de alunos e professores entre os EUA e outros países. O esquema foi posteriormente apoiado por doações do governo dos Estados Unidos. Nascia assim a Public Law 584 ou Fulbright Act, a 01 de agosto de 1946,  assinada pelo Presidente Harry Truman.

Ao longo dos anos, os créditos resultantes da venda de bens foram diminuindo e ao mesmo tempo o Programa alargava o seu campo de atuação, pelo que foi necessário elaborar novas estratégias de financiamento e aprovar legislação suplementar, como foi o caso da Public Law 87-256, de setembro de 1961, assinada pelo Presidente J. F. Kennedy e proposta pelo senador J. William Fulbright e pelo democrata Wayne L. Hays. Estes diplomas vieram consolidar a legislação anterior e dar uma nova dimensão ao Programa, em particular através da promoção de estudos americanos noutros países e de estudos de outros países e línguas estrangeiras nos EUA.

Este programa ficou conhecido à época como o Programa Fulbright-Hays e visava contribuir para a compreensão mútua entre os Estados Estrangeiros e os EUA, através da atribuição de bolsas e subsídios, com o intuito de intercâmbio educativo e cultural, designadamente ao nível do ensino superior, investigação e estudos pós-graduados.

É neste contexto que é assinado o acordo para a cooperação científica e educacional, a 19 de março de 1960, entre o embaixador dos EUA em Portugal [1] e o ministro dos Negócios Estrangeiros português [2], sob a designação de Comissão Cultural Luso – Americana – Comissão Fulbright.

Com a assinatura deste acordo, a Comissão Fulbright aprovou estatutos que se mantiveram sem alteração, tendo desenvolvido desde então atividade regular, mas sem existência legal, uma vez que o processo não foi formalizado com publicação em Diário da República, apenas adquirindo estatuto jurídico reconhecido em 2015.

Porém, a Comissão tem existência jurídica de facto, tendo-lhe sido concedidos vários estatutos especiais pelo Governo Português, nomeadamente: em 1982 passa a ser considerada Instituição de Interesse Público para o Desenvolvimento Industrial do País; em 1984 é nomeada membro Honorário da Ordem do Infante Dom Henrique; e, em 1998, a Comissão Cultural Luso – Americana é autorizada a beneficiar do regime de franquias aduaneiras para efeitos de importação de objetos.

A 13 de julho de 2015 (Decreto n.º12/2015), um novo Acordo é publicado em Diário da República, sendo desencadeados os procedimentos para a publicação de novos estatutos. “Este acordo permitirá dotar a Comissão Fulbright de um enquadramento jurídico atualizado, contribuindo assim para prossecução da sua atividade e para o reforço da cooperação nas áreas da educação e ciência entre os dois Estados.”

A Comissão Fulbright tem por missão fomentar o entendimento mútuo entre Portugal e os EUA através de:

  1. Oferta de oportunidades de intercâmbio de professores, investigadores e estudantes, com base no mérito;
  2. Disponibilização de orientação à informação de qualidade sobre os sistemas de ensino dos dois países;
  3. Organização de iniciativas que potenciem a partilha de conhecimento.

Realiza também atividades para a promoção do conhecimento e do debate científico, económico e social, como palestras e as conferências Fulbright Brainstorms.

O financiamento do Programa Fulbright é garantido pelos governos americano e português, e adicionalmente, por parcerias com instituições como o Camões IP e a Fundação para a Ciência e a Tecnologia, instituições de ensino superior e o sector privado, que possibilitam a atribuição de um maior número de bolsas Fulbright.

O Programa Fulbright é considerado um instrumento da diplomacia cultural, fundamental na política externa dos EUA, gozando de direitos e privilégios que têm contribuído, juntamente com os seus objetivos e com a qualidade dos indivíduos e instituições envolvidas, para o seu prestígio internacional.

O Programa Fulbright está presente em 49 países, sendo administrado pelo Bureau of Educational and Cultural Affairs do Departamento de Estado dos EUA em todo o mundo, num total de 160 países, apoiado pelo Institute of International Education, que auxilia as Comissões Fulbright na administração dos seus programas.

Por este Programa passaram portugueses de mérito reconhecido, tais como: Eduardo P. Arantes de Oliveira; Eduardo C. Marçal Grilo; Rui F. Vieira Nery; António Manuel Seixas Sampaio da Nóvoa; Carlos Alberto Corujo de Magalhães Alves (Zingaro), entre outros.

O Arquivo da Comissão Fulbright está depositado no Arquivo de Ciência e Tecnologia e pode ser consultado em linha aqui.

 

Suzana Oliveira

 

[1] C. Burke Elbrick (janeiro de 1959 e agosto de 1963)
[2] Marcello  Mathias, ministro (14 agosto de 1958 e 4 de maio de 1961)

 

Fontes:
Arquivo de Ciência e Tecnologia: Arquivo da Comissão Cultural Luso – Americana – Comissão Fulbright [PT/FULB/FULB]

Webgrafia (acedida em novembro de 2020):
Comissão Fulbright Portugal
Embaixada dos Estados Unidos da América em Portugal
Wikipédia

 

Novembro

Foto do Programa «Falatório», em 1997, apresentado por Clara Ferreira Alves, sobre a internet. Com a participação de José Mariano Gago.

Foi há quase 25 anos, em abril de 1997, que foi aprovado o Livro Verde para a Sociedade da Informação em Portugal. E assim se apresentava: «Este é provavelmente o primeiro texto político em Portugal cuja construção pôde ser permanentemente seguida, observada e comentada na Internet e em múltiplas reuniões abertas especializadas».

O Livro Verde contempla um conjunto de medidas para a promoção do desenvolvimento da Sociedade de informação. Estruturado em 11 pilares, constituem eixos fundamentais o sistema de ensino, as bibliotecas públicas e o Estado Aberto. Uma iniciativa do Ministério da Ciência e Tecnologia, criado dois anos antes, em 1995, pela mão de José Mariano Gago.

A publicação do Livro Verde deu grande impulso à implementação do Programa Internet nas Escolas, iniciado no ano anterior, com o objetivo de equipar estabelecimentos escolares e qualificar professores, alargando o acesso à Internet em bibliotecas municipais, museus e arquivos e sublinhando que seria “com o objetivo de proporcionar uma estreita colaboração entre as comunidades académica, científica e cultural no contexto da sociedade de informação”.

Das medidas previstas para o acesso democratizado à Sociedade da Informação e ao combate à desigualdade, constituem meios privilegiados de atuação o sistema de ensino, para todos os que estudam, bem como a rede de bibliotecas públicas, para todos os que já estão afastados do sistema de ensino.

O principal impulsionador das medidas de política para a construção da Sociedade de Informação, Mariano Gago, reforça a ideia e dirá numa entrevista uns anos mais tarde [1]: «O [programa] Ciência Viva e a internet nas escolas ajudaram muito a consolidação do campo das ciências em grandes camadas da sociedade».

Também em março de 1997, o programa “Falatório” aborda a Internet como tema. Num tempo em que a maioria desconhecia a internet e desconfiava da ideia de Sociedade de Informação. Moderado por Clara Ferreira Alves, são intervenientes José Mariano Gago, José Alberto Carvalho, José Magalhães e José Fontainhas.

O Livro Verde, editado em 1997, revelou ser visionário permanecendo largamente atual e só em 2006 houve necessidade de proceder à sua revisão.

Um legado de mais de duas décadas que desencadeou a criação de meios e infraestruturas para atravessar a situação atual que vivemos, não deixando de estar em curso para que a sociedade da informação seja uma sociedade para todos.

A Biblioteca da Fundação para a Ciência e Tecnologia tem disponível para consulta o Livro Verde, assim como parte do Arquivo José Mariano Gago, que pode ser consultado em linha.

 

[1] Análise Social, 215, I (2º), 2015.

 

Fontes:

Arquivo de Ciência e Tecnologia: Espólio Mariano Gago [PT/FCT/EMG].

João de Pina Cabral (2011): «Entrevista a José Mariano Gago» in: «Análise Social» nº 200 – 3º trimestre, Vol. XLVI.
Rita Baptista (2019), “O Livro Verde que resultou num plano de acção para a acessibilidade na Internet”, in Público: 2 de Janeiro de 2019
Livro Verde para a Sociedade de Informação em Portugal. Missão para a Sociedade da Informação. Ministério da Ciência e da Tecnologia: Lisboa, 1997.

Outubro

Legenda: António Sobral Mendes de Magalhães Ramalho. Diretor-geral do INII entre 1959 e 1969.

Este mês dedicamos este espaço à história do percurso profissional de um homem cuja carreira se fundiu com a instituição que ajudou a erguer. Figura ímpar, no contexto do Estado Novo, inovador e fomentador do progresso e da modernidade, António de Magalhães Ramalho foi o primeiro diretor do Instituto Nacional de Investigação Industrial (INII) e assim permaneceu durante dez anos até 1969.

Afastado da direção, por seguir uma corrente de inovação que era contrária à regra vigente, que privilegiava e premiava uma alternativa menos agitante, a sua saúde fragilizou-se poucos anos depois e faleceu em 1972.

O INII foi o seu maior empreendimento, ao qual se dedicou com a missão de colocar a investigação ao serviço da industrialização. Reconhecido por quem com ele colaborou pelas suas qualidades humanas e de liderança visionária, foi um defensor e impulsionador da formação dos técnicos como forma de colmatar a carência que se verificava na investigação.

Foi sob a sua iniciativa que se realizou o II Congresso dos Economistas e da Indústria Portuguesa, que decorreu entre 26 de maio e 1 de junho de 1957. Evento considerado marcante na política económica portuguesa pelas mudanças que daí advieram, influenciadas pelas suas conclusões.

Enquanto diretor do Instituto integrou a Câmara Corporativa, em representação dos institutos de investigação científica.

António Sobral Mendes de Magalhães Ramalho nasceu em Lamego a 19 de setembro de 1907. Frequentou o Liceu Camões entre 1918 e 1925, onde terminou o curso dos liceus com distinção. Licenciou-se em Engenharia Mecânica, no Instituto Superior Técnico em 1931 e no ano seguinte em Engenharia Eletrotécnica.

O Arquivo de Ciência e Tecnologia da FCT elaborou a sua biografia, que convidamos a ler e a conhecer também a instituição de investigação industrial da qual foi presidente pelo Registo de Autoridade Arquivística do INII. O inventário do Arquivo do INII está também disponível através deste link.

 

Fontes:

Ramalho, Margarida de Magalhães – António de Magalhães Ramalho: fundador do INII e pioneiro da investigação industrial. Lisboa: Editora By The Book, Edições Especiais, 2014. ISBN 978-989-8614-13-1.

Arquivo de Ciência e Tecnologia. Arquivo do Instituto Nacional de Investigação Industrial.

Catarina Cândido

 

 

 

Setembro

Legenda: Imagem do encontro anual “Ciência”. Ver imagem no formato original.

O Encontro com a Ciência e Tecnologia em Portugal acontece através do evento anual Ciência que se realiza habitualmente no mês de julho, e, embora com algumas interrupções, desde o ano de 2008 (ou 2007, como veremos mais à frente).

Trata-se de uma iniciativa que tem como principal objetivo promover a exposição pública da ciência que se faz em Portugal, reunir a comunidade científica e estimular o diálogo entre cientistas e gestores de ciência, fomentando assim a colaboração entre instituições científicas e outras entidades públicas e privadas, abrindo caminho para novas colaborações e parcerias.

Este ano, devido à Pandemia COVID-19 provocada pelo vírus SARS-CoV-2, o evento foi adiado, cumprindo-se assim as medidas excecionais decretadas pelo Governo para conter o surto. A realização está agora prevista para os dias 2, 3 e 4 de novembro de 2020.

Iniciamos agora uma espécie de viagem de regresso ao passado, na qual procuraremos fazer uma breve síntese do percurso da realização do evento e dar conta de alguns momentos e números marcantes. Vamos pois falar sobre o maior evento de ciência realizado em Portugal.

A primeira edição do evento aconteceu em 2008, à data organizado e promovido pelos Laboratórios Associados e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, cujo Ministro era então José Mariano Gago (1948 – 2015).

A Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) abria portas a 2 dias dedicados ao fazer ciência em Portugal, focados nos cientistas portugueses e nas instituições de ciência em Portugal, contando com comunicações inseridas em diferentes áreas científicas. Pela atualidade das temáticas, destacamos os painéis dedicados a: “Doenças Emergentes e Alterações Climáticas”, “Fogos Florestais – Problemática Científica”, “Oceanos, Recursos Marinhos e Biodiversidade”. De Norte a Sul do país, investigadores e gestores de várias instituições científicas rumaram a Lisboa para participar no encontro anual de Ciência. O evento decorria com sessões em simultâneo e era transmitido em direto via internet, graças à Fundação para a Computação Científica Nacional (FCCN).

Em 2007, porém, a FCG já havia recebido o evento “Ciência em Portugal – Ciência 2007- Encontro com os Laboratórios Associados”. Um evento embrionário, passe a expressão, que apenas por alguns é considerado como a primeira edição do Ciência.

O formato da programação assemelhava-se à edição que se seguiu, em 2008, todavia, em 2007 o evento era – como o próprio nome indica – um encontro com os laboratórios associados; talvez este seja o marco diferenciador que faz com que não seja consensual a adjetivação de primeiro. Aconteceu em abril, nos dias 12 e 13, – outro ponto diferenciador – e encerrou com um conjunto de atividades de divulgação de ciência promovidas pelos Centros Ciência Viva, no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa.

Em 2009, ainda com a pasta da Ciência nas mãos do ministro José Mariano Gago, a organização e a promoção do evento foi da responsabilidade do Conselho dos Laboratórios Associados, em colaboração com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, através da Fundação para a Ciência e Tecnologia.

O objetivo primordial que teve na génese do evento mantinha-se e a notoriedade do Ciência crescia, naturalmente, com a participação ativa da comunidade científica. Os avanços científicos e tecnológicos eram a base fulcral do debate e áreas como a das novas terapias celulares, células estaminais, nanotecnologia, organismos geneticamente modificados, novos materiais para novos produtos, transferência e comercialização de tecnologia, cidadania e segurança, entre outros, preenchiam as sessões que decorriam no evento. Reuniram-se instituições públicas e privadas, através da participação de empresas e foi assinado o “Protocolo – Criação do Consórcio em Sistemas de Engenharia no âmbito do Programa MIT|Portugal”.

O evento voltou a realizar-se em julho de 2010, de 4 a 7, com as mesmas entidades responsáveis pela sua organização e acrescentando a colaboração da Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica – Ciência Viva. A casa do Ciência  passava a ser o Centro de Congressos de Lisboa, tal como acontece até aos dias de hoje.

Em 2010, o programa das sessões contou com a participação de mais de 60 empresas e mais de 150 instituições de investigação, cerca de 400 estudantes também registaram a sua participação com a apresentação de “posters” e, pela primeira vez, o evento contava com a contribuição de alguns convidados de outros países. O evento crescia, em número e notoriedade, abria-se ao público em geral – querendo que a ciência chegasse a todos – e merecia cada mais destaque e reconhecimento no seio da comunidade e na imprensa nacional.

Na mensagem de apresentação do evento, José Mariano Gago, que mantinha a pasta da Ciência, reiterava os objetivos da iniciativa anual e lançava o desafio de se debater o futuro da ciência em Portugal. Afirmou então: «Para tanto, há que clarificar e debater, área a área, as estratégias emergentes, capazes de fazer surgir as melhores ideias e as melhores lideranças, capazes de juntar pessoas, recursos e instituições, realismo e prospetiva, gerações, ensino e investigação, indústria e ciência, cultura, tecnologia e ciência.» Mariano Gago era, tal como já havia habituado a sua comunidade e um “fazedor de pontes”.

Os temas em agenda eram inúmeros. Porque à data mereceram destaque, identificamos alguns dos eixos temáticos que marcaram presença: a mobilidade elétrica, a nanotecnologia, o estudo das células estaminais, a robótica, ou até mesmo o genoma do sobreiro.

Após a edição de 2010 deu-se um interregno que durou até 2016. Desde então, o evento Ciência tem acontecido anualmente, em julho, no Centro de Congressos de Lisboa.

O regresso do encontro anual da comunidade científica – Ciência 2016- contou com uma forte adesão: cerca de 5000 participantes inscritos, 200 entidades presentes, mais de 300 oradores, 7 sessões plenárias e mais de 50 apresentações, entre as quais do Arquivo de Ciência e Tecnologia da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (tal como veio a suceder nos anos seguintes).

O evento contou com Carlos Salema como Comissário e foi organizado, uma vez mais, pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia em colaboração com a Ciência Viva – Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, envolvendo também a Academia das Ciências de Lisboa e a Comissão Parlamentar de Educação e Ciência.

O então ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, na sua longa intervenção de abertura do Ciência 2016,  apresentava a prioridade do seu Ministério para o ano que se seguia: «… instituir um enquadramento indispensável ao reforço da atividade de investigação derivada pela curiosidade académica (i.e., “Frontier Research”), juntamente com o reforço da atividade de investigação baseada na prática (“Practice-based Research”) e em estreita colaboração com o tecido produtivo, social e cultural, assegurando um cenário de estabilidade ao financiamento de projetos e atividades de I&D…».

O evento que no seu último dia (6 de julho), em muito se ligou à temática “memória, identidade e construção do futuro”, simbolicamente e logo na sua abertura, contou com uma homenagem feita a investigadores que se distinguiram na atividade científica e/ou na participação cívica (iniciativa que veio depois a repetir-se nas edições seguintes). Foram atribuídas medalhas de mérito do MCTES a nomes sonantes como: Arsélio Pato de Carvalho, João Sentieiro, Miriam Halpern Pereira, Nuno Portas, entre outros. Homenageado foi também, ao longo de todo o evento e nas mais variadas esferas e áreas do conhecimento, o cientista e antigo Ministro da Ciência, José Mariano Gago, falecido no ano anterior.

António Costa, à época já primeiro-ministro, afirmou o seguinte no seu discurso: «Este encontro é absolutamente essencial no futuro do nosso desenvolvimento. Assenta nas qualificações e na inovação, na modernização do Estado e do tecido empresarial. (…) Para acrescentar valor é preciso investir no conhecimento. (…) É muito importante que a ciência volte a estar no centro das nossas preocupações.»

Em 2016 comemoraram-se os 20 anos da Ciência Viva em Portugal e em 2017 comemoraram-se os 50 anos da criação da emblemática Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (JNICT) e os 20 anos da Fundação para a Ciência a Tecnologia (FCT).

O Ciência 2017,comissariado por Luís Magalhães, reiterou o seu propósito de promover o encontro de investigadores, de juntar outros sectores e atores da sociedade em geral à comunidade científica, e de estimular o debate dos principais temas e desafios da agenda científica. Pela primeira vez, houve um “País Convidado”: a Índia.

O programa apresentou-se através de 14 agendas temáticas de investigação e inovação, da Iniciativa Nacional Competências Digitais 2030, temas complementares e outros programas estruturantes. Por questões de economia de espaço no presente artigo, sugere-se a consulta do “Programa Global” publicado no sítio web do evento.

Alexandra Marques foi a Comissária do Ciência 2018 e a África do Sul o país convidado. Mantendo-se a missão das edições anteriores e contando com as mesmas entidades responsáveis pela organização, o evento apresentou-se estruturado em sessões, procurando estimular o debate sobre a conceção do futuro 9º Programa Quadro Europeu para a Investigação e Inovação, 2021-2028.

António Costa, primeiro-ministro, marcou mais uma vez presença e voltou a assinalar a importância da  Ciência no Desenvolvimento do país. No seu discurso destacou as 3 metas fundamentais para o país na área da inovação: «Atingir um nível de investimento de 3% do PIB em I&D; Apostar na qualificação dos nossos recursos humanos, sendo nosso objetivo alcançar uma participação no ensino superior na ordem dos 60% entre os jovens com 20 anos (atualmente, 40%) e de 50% no segmento entre os 30-34 anos (que é hoje de 35%); E, na área das competências digitais, pretendemos que em 2030 nove em cada dez portugueses sejam utilizadores da internet.» (3 de julho de 2018; publicação na página oficial António Costa PM, no Instagram).

O Centro de Congressos de Lisboa abriu as portas à comunidade científica e ao público em geral e a adesão foi notória. Em permanência estiveram cerca de 30 expositores, com o objetivo de fazer apresentações. Investigadores (e alguns robôs) mostraram alguma da inovação feita no país, em diversas áreas científicas.

A edição de 2018 foi também marcada por alguma contestação levada a cabo pelo movimento “precários da ciência”, que reclamaram entre outras exigências, a dignificação da “carreira científica”.

O impacto do grande Programa de Regularização Extraordinária dos Vínculos Precários da Administração Pública (PREVPAP), levado a cabo pelo XXI Governo Constitucional, com reflexo em inúmeros sectores  de atividade em Portugal, também se refletiu nas instituições de ciência e na comunidade científica. E foi ainda nestes contextos político e social internos que a última edição do evento (2019) levou António Costa a assumir no seu discurso de abertura: «Os resultados do programa de regularização de precários na administração pública, apesar de terem cumprido os objetivos ao nível das carreiras gerais, não resolveram os problemas nas de investigação e docência.» (Publicado no jornal Público, a 8 de julho de 2019).

Com o Brexit a marcar os contextos político e social externos, o Reino Unido foi, curiosamente, o país convidado do Ciência 2019. Convergir, cooperar e fazer ciência além fronteiras continuou a ser uma meta da política científica nacional.

Zita Martins foi a Comissária desta edição, cujo ano foi marcado por diversas celebrações científicas, conforme foi escrito na mensagem de apresentação do evento publicada no seu sítio web: «… 100 anos da expedição de Arthur Eddington a São Tomé e Príncipe, 100 anos da União Astronómica Internacional (IAU), 50 anos da primeira aterragem do homem na Lua, 500 anos da viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães, e 150 anos da criação da Tabela Periódica dos Elementos Químicos, tendo as Nações Unidas e a UNESCO declarado que 2019 seria o Ano Internacional da Tabela Periódica dos Elementos Químicos.»

2020 fica marcado na História pelo surgimento de mais uma pandemia mundial e consequentemente pelo reconhecimento da importância do fazer ciência e investigação, como forma de compreender causas e encontrar respostas e soluções.

É nesta nova realidade que de 2 a 4 de novembro, está previsto que o Centro de Congressos de Lisboa volte a abrir as suas portas à Ciência, aos cientistas e a todos os cidadãos.

Para a elaboração deste artigo foi fundamental a infraestrutura Arquivo.pt, a partir da qual foi possível consultar os sítios web criados para as edições de 2008 a 2010 do evento. Igualmente muito relevante foi a colaboração do Gabinete de Comunicação da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Fica por isso o nosso agradecimento a ambas a estruturas.

Cátia Matias Trindade

 

Fontes consultadas (em linha em agosto de 2020):

Sítio web do Conselho dos Laboratórios Associados
Sítio web do Ciência 2008
Sítio web do Ciência 2009
Sítio web do Ciência 2010
Sítio web do Ciência 2016
Sítio web do Ciência 2017
Sítio web do Ciência 2018
Sítio web do Ciência 2019
Sítio web do Ciência 2020
Instagram: página oficial de António Costa PM
Notícia RTP, 6 de julho de 2019
Notícia Público, 8 de julho de 2019

 

 

Agosto

Legenda: Arquivo de Ciência e Tecnologia da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
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Quem nos lê desse lado? Quem são os nossos utilizadores?

Nos últimos meses fomos obrigados a ficar em casa e a relação com os nossos utilizadores passou a fazer-se apenas online. Os pedidos de consulta ao Arquivo da FCT deixaram de ser presenciais e passaram a ser feitos à distância.

Apesar de sempre termos respondido a muitos pedidos de forma digital, sentimos falta da azáfama das pesquisas no arquivo físico e da recompensa imediata do dever cumprido. O contacto direto com quem nos procura permite-nos também ser úteis na ajuda à exploração de outras áreas, que podem complementar a pesquisa inicial, além de criarmos laços profissionais que se mantém durante anos.

Determinados em comunicar de uma forma mais eficaz com quem nos procura e em cumprir a nossa missão da melhor forma, nestas novas circunstâncias, procurámos conhecer através dos dados registados durante o acesso aos nossos sites, que páginas foram mais procuradas e que pesquisas foram feitas no inventário.

Desde março que tivemos mais de quatro mil e duzentos visitantes, na sua maioria novos utilizadores, que acederam através de um motor de busca na internet. Os acessos feitos diretamente na página estão logo em segundo lugar. A maioria dos visitantes fê-lo em Portugal, na zona da grande Lisboa, sendo o Porto a segunda cidade com mais acessos. Os países que se destacam também pela origem de novos visitantes são os Estados Unidos e o Brasil.

As pesquisas no inventário, que se destacaram nestes últimos meses, foram feitas nos fundos da Fundação para a Ciência e a Tecnologia e Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica. Os visitantes do site procuraram as páginas “Acervo documental”, “Registos de Autoridade arquivística”, “Documentos técnicos e normativos”, “Biografias” e os “Factos e curiosidades”.

Certos de que ainda temos muito trabalho a fazer e a melhorar, nomeadamente na digitalização de alguns fundos, para que o acesso possa ser ainda mais facilitado ficamos satisfeitos por continuar a ser úteis a quem nos procura.

Contamos estar de volta presencialmente em setembro, até lá continuamos online e contactáveis pelo e-mail arquivo@fct.pt. Boas férias!

 

Catarina Cândido

Julho

Legenda: Maria Velho da Costa. Imagem publicada na página web do Centro Nacional de Cultura
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Maria de Fátima Bívar Velho da Costa (Sedas Nunes), escritora consagrada com uma vida dedicada à literatura, nas suas palavras “um elemento fundamental da minha existência”, diversas vezes premiada e condecorada, a última das quais a 25 de abril de 2011 com a Ordem da Liberdade, alta distinção para “serviços prestados em defesa dos valores da Civilização, em prol da dignificação da Pessoa Humana e à causa da Liberdade”. Nasceu e viveu em Lisboa, onde faleceu no passado mês de maio. Faria a 26 de junho 82 anos.

Autora de uma obra literária notável, que inclui poesia e teatro, colaborou também com o cinema, nomeadamente na escrita e adaptação de argumentos para cineastas como João César Monteiro, Alberto Seixas Santos e Margarida Gil.

Durante os primeiros anos de criação literária, Maria Velho da Costa era também funcionária do Instituto Nacional de Investigação Industrial (INII) onde trabalhou de 1970 até 1978, “durante muitos anos a vida era escrita no fim-de-semana ou ao fim de dia”, revela em entrevista dada ao jornal Público em 2013. Durante este período equilibrou uma vida profissional intensa no INII com a sua criação artística. Em 1972 publicou um ensaio sobre os manuais escolares na época de Salazar, com o nome Maria de Fátima Bívar, «Ensino Primário e Ideologia», no mesmo ano, juntamente com Maria Teresa Horta e Maria Isabel Barreno (sua colega no INII), publicaram «Novas Cartas Portuguesas», livro que daria origem a um processo judicial que ficou conhecido pelo caso das Três Marias e que terminou em 1974 com a absolvição das escritoras. No ano seguinte, em 1973, um conjunto de escritos vários e contos, intitulado «Desescrita», «Revolução e Mulheres» em 1975, «Cravo» em 1976 e «Casas Pardas» em 1977, pelo qual venceu o Prémio Cidade de Lisboa.

Da sua atividade no INII é conhecida a sua participação em atividades de investigação em Ciências Humanas Aplicadas à Indústria, promovidas pelo Serviço de Produtividade do INII. Nesse âmbito, Maria Velho da Costa explica na entrevista que dá ao jornal Público em 2013, que participou num estudo em que entrevistou e recolheu os depoimentos de trabalhadores oriundos da indústria, internados no Hospital Miguel Bombarda com o diagnóstico de doença mental.  A análise das referidas entrevistas resultou numa publicação com o título «Português; Trabalhador; Doente Mental», publicado em 1976 pela editora Seara Nova – Temas e Debates. Neste livro estão reunidas as entrevistas que fez, entre 1972 e 1974, no âmbito do seu curso de Grupo-Análise da Sociedade Portuguesa de Neurologia e Psiquiatria, a doentes do hospital Miguel Bombarda. A análise das referidas entrevistas levou-a  a refletir sobre a função social e política dos hospitais psiquiátricos e escreve “«O meu estar ali sempre foi determinado pela percepção inicial de que aquele era um dos lugares onde a sociedade escondia e punia os seus membros atingidos do maior mal – a incapacidade de vender a sua força de trabalho, a incapacidade de conformar-se aos valores ideológicos que a classe dominante lhes impunha: trabalho alienante, troca de afectos pobre, resignação […]”[1].

A partir de 1978 Maria Velho da Costa segue um novo percurso profissional e sai do INII, a experiência que leva do seu trabalho no Hospital Miguel Bombarda acompanha-a na criação de novas personagens nos seus romances, como afirmam os estudiosos da sua obra, dando como exemplo a personagem Maria Isaura no romance «Lucialima» de 1983.

Publicou o seu último romance «Myra», em 2008, pelo qual recebeu os prémios P.E.N. Clube Português, Prémio Máxima da Literatura, Prémio Correntes de Escrita e Grande Prémio de Literatura do Grupo DST em 2010.

Foi casada com Adérito Sedas Nunes, Presidente da Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (1976/77).

 

                                                                                               Catarina Cândido

 

[1] Maria de Fátima Bívar Velho da Costa, Português, Trabalhador, Doente Mental, op. cit

 

Fontes:

Escrever é lutar – Entrevista biográfica a Maria Velho da Costa

Novas Cartas Portuguesas: 40 anos depois

“Maria Velho da Costa Uma flor no deserto”, entrevista à autora conduzida por Tiago Bartolomeu Costa, com fotografias de Rui Gaudêncio, publicada no caderno 2 do Jornal Público no dia 13 de janeiro de 2013.

Documentário “Fátima de A a Z”, de Margarida Gil, sobre Maria Velho da Costa.

VELHO DA COSTA, Maria de Fátima Bívar, Português, Trabalhador, Doente Mental, Lisboa, Seara Nova, coleção Temas actuais, 1976.

 

Junho

Legenda: Fernando Roldão Dias Agudo: «Sobre um Teorema de Kakeya»; in Gazeta de Matemática, Ano XIII, nº 53, dezembro de 1952, pp. 1-2.
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Em 1947, Fernando Roldão Dias Agudo, matemático, engenheiro e especialista em álgebra linear recebe o Prémio Nacional Francisco Gomes Teixeira, pelo desenvolvimento da sua tese de licenciatura “Sobre um Teorema de Kakeya”, trabalho publicado na Gazeta de Matemática em dezembro de 1952.

A criação deste prémio surge em 1939, por Portaria do Ministério da Educação Nacional, na qual é criado o “Prémio Nacional Doutor Francisco Gomes Teixeira” em homenagem ao ilustre matemático Francisco Gomes Teixeira (1851-1933), cuja obra contribuiu fortemente para o progresso das ciências exatas em Portugal.

Francisco Gomes Teixeira foi um importante e reconhecido professor e investigador em Matemática. Lecionou Matemática na Universidade de Coimbra, terminando com classificação máxima e, ainda durante o curso, escreveu o seu primeiro trabalho publicado na imprensa da Universidade, em 1871. Com uma brilhante carreira na vida académica e científica, relacionou-se com alguns dos mais destacados matemáticos de renome mundial da sua época, e publicou trabalhos em periódicos científicos de vários países. Em Portugal era considerado um sábio, tendo recebido vários prémios. Nos últimos anos do seu trabalho dedicou-se à História da Matemática em Portugal, tendo elaborado uma obra de referência para os estudiosos das ciências em Portugal, a História das Matemáticas em Portugal.

Voltemos ao prémio com o nome deste reconhecido matemático português. Na génese da portaria de 1939 está a Lei 1941, de 11 de abril de 1936, publicada pelo Ministério da Instrução Pública (que vê aqui alterado o seu nome para Ministério da Educação Nacional), que na sua base VII, prevê a “concessão de prémios nacionais aos melhores estudantes do ensino superior, para ao mesmo tempo se consagrarem professores que hajam sido exemplo de devoção ao ensino e ao bem comum e relevantemente contribuíram para o progresso das ciências”.

No texto do Regulamento (publicado a 2 de abril de 1941) é dito que o prémio é conferido mediante concurso “ao melhor trabalho de matemáticas puras elaborado em cada ano letivo por um aluno de qualquer estabelecimento de ensino universitário em que elas sejam professadas”, para alunos até aos 25 anos tendo os candidatos, para além de profundos conhecimentos na área da matemática, serem detentores de “irrepreensível conduta escolar e cívica”. O júri é composto pelo presidente da Junta Nacional da Educação e por dois professores de matemática de cada uma das Faculdades de Ciências, designados pelo Conselho da respetiva Faculdade.

Diz a Gazeta de Matemática: “A criação deste prémio tem grande interesse para o movimento matemático português porque ele é susceptível de criar uma atmosfera de emulação entre escolas superiores, em que as matemáticas puras são professadas, encorajando os estudantes na realização de trabalhos de investigação e estimulando os professores das mesmas escolas a fomentarem a realização dêsses trabalhos.”

Nos 2 anos seguintes à publicação do regulamento é referido pela mesma gazeta que terá aparecido apenas um concorrente com um trabalho que não seria de “matemáticas puras”. Em 1943, António Monteiro refere mesmo porque é que “não se tenha ainda criado uma atmosfera de interêsse pelo Prémio Gomes Teixeira?” e ainda “O superior interesse da cultura matemática portuguesa exige que lhe seja prestada a atenção que merece”.

O Prémio Gomes Teixeira foi atribuído pela primeira vez apenas em 1945 “destinado a um trabalho de matemática digno de ser galardoado por essa alta distinção científica”. O júri atribui-o por unanimidade a Fernando Soares David, licenciado em matemáticas pela Universidade do Porto, que recebe o prémio com um trabalho intitulado “Sobre a Comutabilidade de Operadores com Espectros contínuos”, publicado no n.º 50 de 1951 da Gazeta de Matemática, número publicado por ocasião da Comemoração do Centenário do Nascimento do Professor Doutor Francisco Gomes Teixeira.

Em 1947, o Prémio Nacional Gomes Teixeira foi atribuído ao ainda jovem estudante do Curso de Matemática da Faculdade de Ciências de Lisboa, Fernando Roldão Dias Agudo, pelo trabalho “Sobre um Teorema de Kakeya“, partindo de um problema lançado pelo matemático japonês Soichi Kakeya em 1917. O trabalho viria a ser publicado em 1952 na prestigiada publicação com a qual Dias Agudo colaborava desde 1948, a Gazeta de Matemática, que já tinha referido “Lastimamos porém não se ter dado há mais a publicidade devida a tão importante acontecimento da vida universitária portuguesa e admiramo-nos bastante por este facto ter passado desapercebido do nosso, infelizmente tão restricto, meio matemático.”

Ambos os trabalhos foram também publicados na Mathematical Reviews, em 1956 e 1953, respetivamente.

Dias Agudo, para além de matemático, engenheiro, especialista em álgebra linear e geometria analítica e professor universitário foi também administrador público de ciência, tendo sido presidente da Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (JNICT) entre 1974 e 1976, período conturbado em que teve a difícil tarefa de manter a instituição unida e em funcionamento numa altura de desbravar novos modelos de governação nem sempre convergentes. Em 1977 lança-se num novo desafio, entrando no Instituto Nacional de Investigação Científica (INIC) instituição da qual foi presidente entre setembro de 1980 e dezembro de 1983. Mantendo-se fiel defensor da investigação científica nas universidades, consolida a missão e a existência do INIC.

Desde sempre ligado à Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), colabora e participa nas mais diversas atividades, como por exemplo, no encontro «O futuro da investigação da matemática em Portugal», realizado em Coimbra, a 21 de outubro de 1983.

Ainda em vida, Dias Agudo, doou ao Arquivo de Ciência e Tecnologia parte do seu espólio pessoal, onde podemos encontrar documentação relativa ao período em que dirigiu estas duas importantes instituições de gestão e política de ciência e onde ficamos a conhecer mais da brilhante carreira deste professor e cientista. Dias Agudo faleceu o ano passado, a 23 de fevereiro de 2019, aos 93 anos de vida.

Em termos de reconhecimento e mérito científico a Matemática conta, desde 1936, com a atribuição de um conceituado prémio, o Medalha Fields, concedido a matemáticos com menos de 40 anos e referido por muitos como “o Nobel da Matemática” pelo facto de Alfred Nobel não ter incluído esta categoria na importante distinção Nobel. Apesar do prémio Medalhas Fields ter sido criado com um conjunto de regras específicas, a grande diferença é que o primeiro procura premiar jovens e promissores matemáticos e o Nobel tem em conta a carreira do premiado.

Paula Meireles

 

Webgrafia (acedida em maio de 2020):

Arquivo de Ciência e Tecnologia
Arquivo.pt
Sociedade Portuguesa de Matemática
Gazeta de Matemática (vários números)
Instituto Camões 
Teixeira, Francisco Gomes. História das Matemáticas em Portugal

 

Maio

Legenda: Maria de Sousa a ser entrevistada nas Jornadas Nacionais de Investigação Científica e Tecnológica, no Fórum Picoas, em Lisboa, no ano de 1987. Fotografia existente no Arquivo de Ciência e Tecnologia da  FCT.
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Cientista, imunologista, médica, professora universitária, mas também escritora e humanista, Maria de Sousa é inequivocamente uma referência marcante da Ciência em Portugal e uma referência internacional na área da Imunologia.

Após terminar a licenciatura em Medicina na Faculdade de Medicina de Lisboa, optou por não seguir a carreira médica em Portugal e foi viver para Londres. Com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian para fazer investigação no laboratório Experimental Biology no Imperial Cancer Research Fund em Mill Hill, em 1964 era praticamente a única jovem bolseira estrangeira.

Foi neste laboratório que fez as suas descobertas sobre a distribuição dos linfócitos T nos órgãos linfoides de mamíferos e publicou o relato das descobertas em revistas científicas internacionais. A investigação de Maria de Sousa veio redefinir a compreensão que se tinha da estrutura básica do sistema imunológico.

As suas descobertas estão documentadas e firmadas nos livros de Imunologia. O seu percurso é sobejamente conhecido, assim como o seu percurso geográfico. Cidadã do mundo, depois de viver em Londres seguiu para Glasgow, Nova Iorque, Lisboa depois Porto e, por fim, novamente Lisboa.

A opção de se dedicar a uma carreira de investigação foi explicada numa entrevista dada a Maria Fernanda Rollo, em que partilhou as suas memórias no contexto do projeto “Memória para Todos”. Disse então “o que me vai impressionar sempre é o que não se sabe”; esta procura persistente do conhecimento e a curiosidade eram os seus pilares, assim como a capacidade de continuar a ouvir a criança que tinha dentro de si e continuar a fazer perguntas. E eram exatamente as perguntas, as dúvidas e o desconhecimento que faziam brotar em si uma insatisfação permanente, querendo sempre alcançar mais respostas e mais saber.

A arte acompanhou-a sempre, mesmo quando optou pela licenciatura em Medicina e deixou o curso de piano no Conservatório Nacional. “A arte aproxima-nos da Ciência”, e “a melhor Ciência tem que ter o toque da poesia, que é com uma enorme economia de forma ir à substância”, nas suas palavras.

Tinha a poesia dentro de si e optava por se exprimir em inglês quando a escrevia. Queremos deixar neste espaço um poema seu, que ilustra a relação que para ela existia entre a ciência e a poesia.

“Poets open doors with words, scientists with questions.

Poems last forever.

Scientific answers last only to the next closed door.”

Este poema termina a entrevista que deu a IoavCabantchik em junho de 2018, publicada na página da FCT no dia 14 de abril de 2020.

Para além do legado científico e literário, Maria de Sousa deixou ainda outro: o pedagógico. Há uma geração de cientistas portugueses que são como que extensões de Maria de Sousa. Maria Manuel Mota, diretora do Instituto de Medicina Molecular, laboratório que criou os kits de testes de diagnóstico ao novo coronavírus feitos em Portugal e que estão já a ser produzidos, é um exemplo entre muitos outros.

Foi uma das impulsionadoras da ciência e do desenvolvimento do sistema científico nacional e foi uma das impulsionadoras da criação de um dos primeiros mestrados de Portugal: o Programa Graduado em Áreas da Biologia Básica e Aplicada (GABBA, na sigla em inglês), em 1996, na Universidade do Porto.

À data de criação do programa, em 1996, era José Mariano Gago (1948 – 2015) o Ministro da Ciência e Tecnologia e a Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (JNICT), antecessora da FCT, a entidade financiadora do Programa. No Arquivo de Ciência e Tecnologia da FCT pode consultar-se documentação relativa a este programa de apoio, que é considerado uma das mais inovadoras e bem-sucedidas experiências de ensino pós-graduado em Portugal, tendo permitido a centenas de investigadores fazerem o doutoramento.

Na jubilação como Professora Catedrática do ICBAS, em outubro de 2009, deu uma última aula no Salão Nobre da Reitoria e  deixou como trabalho de casa as seguintes mensagens “em Ciência, como na Fórmula1, nada se faz sem ser em equipa; são todas as pessoas que trabalham e não se sabe quem são” […]”, “o maior investimento tem de ser na Educação” e, por fim, “quando se vai, só se leva o que se deixa, mas por outro lado [só] se deixa a quem queira ter a amabilidade de receber”.

O seu espólio pessoal foi doado por si mesma à Câmara de Cascais para integração na Casa Reynaldo dos Santos, na Parede, com o propósito de ser tratado e disponibilizado num espaço dedicado à ciência e aos cientistas. “Porque a ciência faz-se pelo conhecimento e não para se ser lembrado” (Maria de Sousa).

Esta forma distinta como deixa a sua marca tem por certo que ver com as características humanas que muitos lhe reconhecem. Teve uma existência pautada por descobertas, rigor e exigência, não perdendo nunca a empatia pelo próximo e a preocupação que demonstrava ter pelos outros.

Com simplicidade, o Arquivo de Ciência e Tecnologia homenageia Maria de Sousa neste mês de maio, não esquecendo também a generosidade com que apoiou a abertura ao público do Arquivo, estando presente na sua inauguração, no dia 16 de dezembro de 2011. Destacamos algumas datas, ditos e feitos sem a pretensão de esgotar ou sequer tocar toda a sua vida e obra.

Como Maria de Sousa escreveu no seu último poema, poucos dias antes de morrer vítima de Covid-19, “momentos então, eternidades agora”.

Obrigada, Maria de Sousa! Que a comunidade saiba receber o que deixou e que as eternidades de agora o possam ser também de futuro.

Catarina Cândido & Cátia Matias Trindade

Abril

Legenda: Louis Pasteur. Imagem retirada da página web do Institut Pasteur.
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Abril de 2020. O mundo enfrenta um inimigo invisível que nos obriga a refletir, a redefinir prioridades e a alterar hábitos que julgávamos garantidos. Não é a primeira vez que a humanidade enfrenta uma pandemia à escala mundial, os nossos antepassados foram também eles vítimas de outras pandemias e provações. Tal como eles, somos desafiados a ser destemidos e resilientes para vencer mais esta batalha.

É nestes momentos que louvamos o trabalho de médicos e investigadores que dedicam a sua vida a encontrar a cura e a salvar vidas. Enquanto serviço que promove a preservação e a divulgação do conhecimento, honremos a memória daqueles que no passado contribuíram com o seu trabalho e nos deixaram esse legado.

Recordamos, por isso, o médico, professor e investigador Augusto Celestino da Costa (Lisboa, 16 de Abril de 1884 — Lisboa, 27 de Março de 1956), de quem o Arquivo de Ciência e Tecnologia guarda uma parte do seu arquivo pessoal e também Louis Pasteur (Dole, 27 de dezembro de 1822 – Marnes-la-Coquette, 28 de setembro de 1895) um homem que revolucionou a história da humanidade com as suas notáveis descobertas.

Encontrámos no arquivo pessoal de Celestino da Costa um documento que nos prendeu a atenção e nos impeliu a recordar o contributo que Pasteur nos deixou.

O documento que vos convidamos a descobrir este mês é o discurso datilografado, que Augusto Celestino da Costa proferiu na Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa, enquanto seu presidente, na cerimónia de homenagem a Louis Pasteur, por altura do cinquentenário da sua morte.

Neste discurso, Celestino da Costa enaltece uma das mais maravilhosas vidas de que pode honrar-se a história”, relembra-nos a inspiração que foi a sua doutrina para outros, nomeadamente para Câmara Pestana, na criação da Bacteriologia em Portugal, assim como a renovação da Epidemiologia, que em Portugal, Ricardo Jorge “ilustrou esse capítulo da higiene” com a descoberta da epidemia de peste bubónica no Porto em 1899 e que vitimou Câmara Pestana.

Terminamos dando destaque a estas palavras de Celestino da Costa sobre Pasteur, desvendou o mistério do contágio e da infeção […] Milhões de vidas se salvaram pelo seu génio. Incontáveis sofrimentos se atenuaram ou suprimiram e a esperança nasceu sólida e confiante de nos tempos seguintes se debelarem os males que ainda resistiram aos primeiros embates das descobertas pastorianas […]”na expectativa, de que 75 anos depois de terem sido proferidas, nos possam trazer esperança de que tudo vai ficar bem.

Catarina Cândido

Março

Legenda: Imagem retirada do sítio web da ESA.

Neste espaço dedicado à divulgação do Arquivo da FCT, relembramos o início da preparação da adesão de Portugal à Agência Espacial Europeia (ESA) em 1989. «A ESA representou para Portugal o principal portal de acesso ao espaço, constituindo-se para todos os efeitos, como a nossa Agência Espacial». Portugal tornou-se membro a 14 de novembro de 2000.

O espaço sideral foi sempre motivo de encantamento para o Homem, visto da Terra, um céu escuro, tem sido desde os primórdios da humanidade motivo de fascínio. O sonho de chegar ao espaço foi-se tornando realidade à medida que os avanços tecnológicos o permitiram alcançar. A antiga crença de que quem dominasse os mares dominava a Terra, deu lugar ao facto de que quem dominasse os ares, conquistaria também a Terra.

Portugal compreendeu que as atividades espaciais e em particular as concretizadas pela ESA eram de grande relevância, nomeadamente pela possibilidade dos centros de investigação e empresas portuguesas poderem vir a ser fornecedores ou subcontratantes na produção de equipamentos espaciais, o que traria desenvolvimento científico e tecnológico ao país.

Em 1989 foi criado no âmbito da Secretaria de Estado da Ciência e da Tecnologia, através do despacho conjunto dos ministros da Defesa Nacional, do Planeamento e da Administração do Território, dos Negócios Estrangeiros, da Industria e da Energia e das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, um grupo de trabalho com o objetivo de conduzir as negociações da adesão. A presidência estava entregue à Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (JNICT), sendo o presidente Carlos Eduardo da Costa Salema o representante que presidiu ao grupo de trabalho. Atualmente a representação de Portugal ao nível do Conselho está entregue à Fundação Para a Ciência e a Tecnologia (FCT), sob a dependência do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

Na perspetiva da União Europeia acredita-se que o Espaço é facilitador de uma maior competitividade da economia da UE, com o apelo ao aumento do investimento comunitário na investigação e inovação relacionadas com o espaço.

O trabalho realizado no final dos anos 80 início de 2000, serviu de base para que Portugal desse um novo passo em 2019 com a criação da Agência Espacial Portuguesa – Portugal Space, sediada na ilha de Santa Maria, nos Açores.

Catarina Cândido & Helena Baltazar

Fevereiro

Legenda: Luís Ernani Dias Amado. Imagem retirada do blog Almanaque Republicano.
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Em fevereiro dedicamos este espaço à memória de uma importante figura da oposição ao Estado Novo. Recordamos Luís Ernani Dias Amado (1900 – 1981), nascido a 19 de janeiro de 1901 na freguesia de S. Paulo em Lisboa. Médico, histologista, analista, investigador e professor catedrático na Faculdade de Medicina de Lisboa, muito ativo politicamente desde jovem, foi um dos fundadores e dirigente da Liga da Mocidade Republicana e da União Socialista e empenhou-se ativamente no Movimento de Unidade Nacional Antifascista (MUNAF) e no Movimento de Unidade Democrática (MUD).

Detido várias vezes pela Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE), mais tarde PIDE, esteve preso em isolamento na cadeia do Aljube. Em 1947, na grande depuração política de intelectuais, cientistas e universitários oposicionistas do regime foi demitido compulsivamente da Faculdade de Medicina de Lisboa e destituído do cargo de Chefe de Serviços de Análises Clínicas dos Hospitais Civis de Lisboa. Seria reintegrado em 1975, simbolicamente, aos 74 anos como Professor Catedrático na mesma Faculdade.

Voltou a ser preso pela PIDE em 1961, na sequência de ter sido um dos signatários do «Programa para a Democratização da República» com data de 31 de janeiro de 1961, documento elaborado pela Acção Democrato-Social com a colaboração da Resistência Republicana, subscrito por 62 personalidades da oposição republicana e socialista.

Parte do seu arquivo pessoal foi doado ao Arquivo de Ciência e Tecnologia, pela sua filha Luísa Irene Dias Amado, também ela ativista política na luta antifascista. Através dos documentos do seu Arquivo ficamos a conhecer as duas facetas públicas deste homem, a sua atividade profissional e também a sua atividade política de oposição ao Estado Novo. Comprovam-no, alguns dos processos conservados no ACT, como o processo judicial onde se destacam dois recortes do jornal «República», de 23 e 28 de outubro de 1964 relativos ao “julgamento político” de Dias Amado no Tribunal Plenário da Boa-Hora, em Lisboa, «acusado de actividades subversivas» (sic) e à leitura da sentença, «após cerca de um ano de detenção». Os recortes foram rasurados pelos «Serviços de Censura», antes de receberem o visto de “autorizado com cortes”.

Catarina Cândido

 

Fonte consultada (disponível para consulta no Arquivo de Ciência e Tecnologia da FCT):
Arquivo Luís Ernani Dias Amado: PT/FCT/LEDA
Webgrafia:
Acedido em janeiro de 2020; Fundação Mário Soares
Acedido em janeiro de 2020; Casa comum

 

Janeiro

Legenda; Imagem do depósito de arquivo do ACT.
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O ano em revista do Arquivo de Ciência e Tecnologia é o mote que propomos para a rúbrica Factos e curiosidades do primeiro mês de 2020. Vamos contabilizar, assinalar e comunicar aquilo que foi feito pela equipa do ACT, de janeiro a dezembro de 2019, nas suas grandes áreas de atuação: tratamento e disponibilização de arquivo histórico, gestão do arquivo intermédio e arquivo corrente.

É missão do ACT o tratamento e a disponibilização do arquivo histórico à guarda da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Para o efeito, a equipa de técnicos especialistas em Ciências da Informação e da Documentação, desenvolveu ao longo do ano de 2019 várias ações de reacondicionamento, higienização e descrição arquivística em aplicação informática normalizada, tendo sido criados cerca de 2 mil registos.

Focada na importância de disponibilização de documentação para consulta, a equipa do ACT recebeu e deu resposta a pedidos de requisição externa – na sua maior parte para fins académicos, necessários no âmbito da realização de trabalhos científicos –, e a pedidos de requisição interna – de natureza vária, como por exemplo, para emissão de segunda via de documento, para consulta e apoio no âmbito de processos em curso, para contagem de tempo de serviço para efeitos de cálculo de pensão, entre outros.

Os arquivos mais consultados foram os da Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (JNICT), do Instituto Nacional de Investigação Científica (INIC), da Junta de Energia Nuclear (JEN), do Instituto Nacional de Investigação Industrial (INII), da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e do médico e cientista Luís Ernani Dias Amado.

Destacamos no contexto das requisições internas, que, maioritariamente, disponibilizámos arquivo para a satisfação de interesses e necessidades do cidadão. Também o tempo médio de resposta superou as expectativas planeadas pelo ACT, sendo em média de 2 dias após a receção do pedido.

Outra área de atuação do ACT que mereceu uma forte aposta no ano de 2019 foi a implementação e monitorização de um novo sistema eletrónico para a gestão de documentos e processos em ambiente digital. Este é um projeto que visa promover a desmaterialização e, simultaneamente, a simplificação dos processos de negócio. O ano de 2020 será determinante para a prossecução deste projeto. Interoperabilidade, partilha de informação, centralização, reutilização, recuperação, disseminação e preservação da informação, são temas a tratar e que necessariamente irão levar a novos projetos na instituição. Um caminho necessário para a constituição de um Arquivo Digital, para salvaguarda da nossa história e memória coletiva.

No decorrer do ano passado, o Arquivo de Ciência e Tecnologia assinalou datas comemorativas e participou em eventos com o objetivo de dar a conhecer e promover os acervos documentais à guarda da FCT, bem como a missão, trabalhos realizados e trabalhos em curso. A comunicação daquilo que existe no ACT e do que este Arquivo se propõe fazer tem merecido a melhor atenção por parte da equipa.

Destaca-se a participação no evento de ciência anual, o CIÊNCIA 2019, encontro que tem como principal objetivo estimular a participação e a interação entre investigadores e público em geral; a organização de uma iniciativa de troca de livros nas instalações da FCT, para assinalar o Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor, comemorado em abril; a visita da turma de mestrado em Comunicação da Ciência, da FCSH-UNL, no âmbito do seminário «Ciência e Sociedade»; a realização de uma pequena mostra comemorativa para assinalar os 8 anos de atividade do ACT, cumpridos a 16 de dezembro, em género de Conta-me como foi na JNICT.

Para 2020 o objetivo mantem-se: tratar e preservar a informação produzida pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia no exercício da sua atividade, assim como promover, divulgar e permitir o acesso ao acervo documental depositado no Arquivo de Ciência e Tecnologia.

 

Cátia Matias Trindade