António Sobral Mendes de Magalhães Ramalho

Presidente da JNICT (1976-1977).
Ministro da Coordenação Cultural e da Cultura e Ciência (1979-1980).


António Sobral Mendes de Magalhães Ramalho (Lamego, 19 de setembro de 1907 -Lisboa, 1972) frequentou o Liceu Camões entre 1918 e 1925, onde terminou o curso dos liceus com distinção. Licenciou-se em Engenharia Mecânica, no Instituto Superior Técnico em 1931 e no ano seguinte em Engenharia Eletrotécnica.

Iniciou a sua atividade profissional como engenheiro na Direção-Geral dos Serviços de Viação e Estatística e dois anos depois é nomeado Secretário do Conselho Superior de Viação, cargo que desempenhou até 1937. No final de 1936 reconheceram-lhe o mérito para desempenhar a profissão e foi aceite na Ordem dos Engenheiros.

Em 1937, foi convidado para chefiar o Serviço de Economia de Combustíveis do Instituto Português de Combustíveis, cargo que exerceu até junho de 1948. Durante o período da II Guerra Mundial preside também à Comissão Reguladora do Comércio de Carvões.

Em novembro de 1939 foi eleito deputado à Assembleia Nacional pelo círculo de Viseu, distrito a que Lamego sua cidade natal pertence. Das suas intervenções no Parlamento destacam-se as proferidas a favor da investigação científica, da industrialização e da eletrificação do país.

Interrompe a atividade como deputado em 1952, altura em que aceita o convite do Ministro da Economia, Ulisses Cortês, para desempenhar o cargo de subsecretário de Estado do Comércio e Indústria. Foi sob a sua iniciativa que se realizou o II Congresso dos Economistas e da Indústria Portuguesa, que decorreu entre 26 de maio e 1 de junho de 1957. Evento considerado marcante na política económica portuguesa pelas mudanças que daí advieram, influenciadas pelas suas conclusões. O relatório apresentado por Magalhães Ramalho no congresso teve como base a viagem que este fez por França, Bélgica, Holanda, Alemanha e Suíça para estabelecer contactos com cientistas europeus, assim como para aprofundar conhecimentos sobre a indústria nestes países. A viagem realizou-se entre 6 e 15 de maio de 1957 tendo terminado dias antes do II Congresso dos Economistas e da Indústria Portuguesa.

Ainda como subsecretário de Estado do Comércio e Indústria foi o responsável pela proposta de criação do Instituto Nacional de Investigação Industrial (INII), cujas bases foram lançadas com a publicação da Lei n.º 2089 de 1957, mas apenas dois anos depois inicia formalmente a sua atividade.

Foi o primeiro diretor do INII e assim permaneceu durante dez anos até 1969. O INII foi o seu maior empreendimento, ao qual se dedicou com a missão de colocar a investigação ao serviço da industrialização. Reconhecido por quem com ele colaborou pelas suas qualidades humanas e de liderança visionária, foi um defensor e impulsionador da formação dos técnicos como forma de colmatar a carência que se verificava na investigação. Enquanto diretor do Instituto integrou a Câmara Corporativa, em representação dos institutos de investigação científica.

Em 1969, foi nomeado pelo Ministro da Economia vogal do Conselho Superior de Economia, tendo sido afastado da direção do Instituto por decisão do secretário de Estado da Indústria Rogério Martins. Em consequência deste acontecimento a sua saúde fragilizou-se, vindo a falecer em 1972.


Documentos de arquivo (disponível para consulta no ACT):

Instituto Nacional de Investigação Industrial (1959 – 1980). Arquivo do Instituto Nacional de Investigação Industrial (PT/FCT/INII), Arquivo de Ciência e Tecnologia, Lisboa, Fundação para a Ciência e Tecnologia.

Bibliografia:

Ramalho, M.M (2014). António de Magalhães Ramalho: fundador do INII e pioneiro da investigação industrial. Lisboa: By The Book. ISBN 978-989-8614-13-1.

Julho de 2019