Ano de 2025
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Fevereiro
Ano do centenário de Carlos Paredes (1925 – 2004)
A 16 de fevereiro de 1925 nascia em Coimbra aquele que viria a ser uma referência na música portuguesa e grande impulsionador da Guitarra Portuguesa. Falamos de Carlos Paredes, cujo centenário se assinala este ano.
O Arquivo de Ciência e Tecnologia não quis deixar de assinalar a data, dedicando-lhe um pequeno texto, até porque, no seu percurso de vida, Carlos Paredes tem a “curiosidade” de ter sido Arquivista de radiografias no Hospital de S. José, em Lisboa.
Filho e neto de dois nomes maiores da guitarra portuguesa, tocada e afinada ao estilo de Coimbra, falamos de Artur Paredes (pai) e Gonçalo Paredes (avô). Carlos Paredes começa a tocar com cerca de 9 anos de idade e aos 14 anos acompanhou o pai num programa semanal que este tinha na Emissora Nacional.
No ano de 1934 a família muda-se para Lisboa e Carlos Paredes conclui a instrução primária no Jardim Escola João de Deus vindo a frequentar mais tarde o Liceu Passos Manuel. No seu percurso escolar faz exame para o curso Industrial no Instituto Superior Técnico que chega a frequentar durante um ano.
É então, em 1949, que inicia funções no Hospital de S. José, como arquivista de radiografias, porém, em 1958, e por ter aderido ao Partido Comunista Português, é preso a 26 de setembro dentro do Hospital, tendo sido suspenso de funções no Estado. Foi durante alguns anos delegado de propaganda médica após ter sido libertado pela PIDE em 1959.
Dedica o seu tempo livre à composição musical, produzindo temas para cinema e teatro, destacando-se em 1960 com a banda sonora da curta-metragem de Cândido Costa Pinto «Rendas de Metais Preciosos». Em 1962, a convite do realizador Paulo Rocha, compõe uma das suas obras mais emblemáticas, a banda sonora do filme «Verdes Anos», tendo sido reconhecido pelo seu trabalho.
Mas é em 1971 que grava aquela que viria a ser considerada a sua obra-prima, «Movimento Perpétuo», com vários temas originais onde se inclui esta composição que daria nome ao álbum. Após o 25 de Abril, a música de Carlos Paredes soa nas rádios e na televisão e, em 1975, edita o álbum «É preciso um país» com músicas de sua autoria e poemas de Manuel Alegre.
Carlos Paredes frequentou alguns dos grandes palcos europeus, mudou de editora, deixando a Valentim de Carvalho e passando a trabalhar com a Polygram e edita um álbum gravado ao vivo em Frankfurt com temas inéditos.
Em 1984 faz um dueto com António Vitorino de Almeida editando o disco «Invenções Livres». Ainda no final da década de 1980 edita o álbum «Dialogues» em dueto com o norte americano e contrabaixista de Jazz Charles Haden e tem uma participação especial, no Coliseu dos Recreios, com os Madredeus, cujo álbum foi gravado ao vivo.
Em 1993 dá o seu último concerto na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, com a sua companheira Luísa Amaro. É neste ano que lhe é diagnosticada uma doença que o impede de tocar.
Em 1992 é agraciado com a comenda da Ordem Militar de Santiago da Espada a 10 de Junho e em 1996 edita o seu último álbum «Na corrente» onde reúne material inédito.
Vem a falecer a 23 de julho de 2004.
As suas influências musicais vinham tanto da música popular portuguesa como do fado de Coimbra, transformando a sua forma original de tocar numa sonoridade muito própria que o distinguia de outros guitarristas de Guitarra Portuguesa.
Faria 100 anos a 16 de fevereiro.
Suzana Oliveira
Webgrafia:
Agência Lusa (2024, 23 de julho). Centenário de nascimento de Carlos Paredes: Ministério da Cultura cria grupo de trabalho para comemorações. Blitz. Expresso
Meloteca (2017). Carlos Paredes, Guitarra.
Museu do Fado (s.d.). Carlos Paredes. Biografia.
Janeiro
Representação de um qubit, a unidade básica de informação de um computador quântico.
Fonte: ISTOCK em Cinco pontos-chave para entender a física quântica.
2025 – Ano internacional da ciência e tecnologia quântica
Se achas que entendes a mecânica quântica é porque, na verdade, não a entendes, Niels Bohr
Para comemorar o centenário da Mecânica Quântica, a Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou oficialmente que 2025 fosse o Ano Internacional da Ciência e Tecnologia Quânticas.
Esta decisão foi tomada sob proposta apresentada pelo Conselho Executivo da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO, num trabalho partilhado com a União Internacional de Física Pura e Aplicada, a União Internacional de Química Pura e Aplicada, a União Internacional de Cristalografia e a União Internacional de História e Filosofia da Ciência e Tecnologia.
Todas estas entidades reconhecem a importância da Mecânica Quântica nas aplicações tecnológicas emergentes, das quais, em muito, já depende o nosso dia-a-dia, são elas: Inteligência Artificial (IA); Blockchain; Internet das Coisas (IoT); Biotecnologia; Realidade Aumentada (RA) e Realidade Virtual (RV); Computação Quântica; 5G e Conectividade Avançada; Impressão 3D.
Foi Werner Heisenberg (Prémio Nobel da Física em 1932) que, em 1925, marcou o início formal da Mecânica Quântica. É dele o Princípio da Incerteza, no qual afirmou ser impossível medir com precisão a velocidade e a posição de uma partícula elementar. Quanto maior for a precisão do estudo da posição de uma partícula, mais imprecisão encontraremos no cálculo do seu movimento e vice-versa. Esta máxima também é aplicável à energia e ao tempo, pois quanto mais rigorosa for a medição do tempo num sistema quântico, menos rigorosa será a medição da energia nesse instante e vice-versa.
A Mecânica Quântica, ou Física Quântica, estuda a quantidade indivisível de energia que as partículas elementares têm nos fenómenos do universo que se manifestam na escala atómica e subatómica, nas unidades fundamentais da matéria e da energia – partículas que são fragmentos reduzidos da matéria, mas que, apesar disso, mantêm as propriedades químicas de uma substância intacta.
As partículas subatómicas, também designadas partículas elementares, correspondem a unidades fundamentais da matéria e da energia que é difícil encontrar no estado natural, devido à sua instabilidade, por isso, foram criados aceleradores de partículas que são dispositivos usados para imitar o comportamento natural das partículas subatómicas.
O desenvolvimento da Física Quântica deu-se a partir do conhecimento de que o átomo é um sistema composto por partículas elementares, formado por eletrões que giram em volta de um núcleo atómico, com diferentes estados e energias que formam os fotões. Mais tarde foi comprovado que esse núcleo é composto por partículas ainda menores, denominadas nucleões, com carga positiva ou nula, os protões e os neutrões, constituídos por partículas ainda mais pequenas, os quarks.
A Mecânica Quântica tem esta designação devido a um fenómeno muito conhecido dos físicos – a quantização. Exemplo desse fenómeno é o caso de um eletrão que orbita à volta de um núcleo positivo, a Mecânica Quântica possibilita que essa energia (do eletrão) seja quantizada.
Um dos princípios da Física Quântica, a Dualidade Onda-Partícula, estabelece que determinadas partículas podem comportar-se de duas maneiras diferentes, em simultâneo, enquanto viajam através do espaço. Tanto podem ser partículas com uma posição e propriedades muito bem definidas, como comportar-se como ondas, como se fossem ondulações na água, propagando-se e difundindo-se pelo espaço sem uma localização precisa.
A Sobreposição Quântica é o conceito básico em Computação Quântica, baseia-se no facto de os bits quânticos, as unidades básicas de informação quântica, poderem representar diversos estados em simultâneo. É isto que lhes permite realizar cálculos muito complexos de forma muito mais rápida e eficiente do que os computadores clássicos.
Já o Entrelaçamento Quântico é outro fundamento da Física Quântica, em que determinadas partículas possuem propriedades que as vinculam entre si, o que possibilita que, ao medir uma, se conheça automaticamente o estado da outra, independentemente da distância que as separe.
Por sua vez para compreender a quantização da energia é necessário compreender o modelo quântico do átomo. Proposto por Niels Bohr em 1913, o modelo estipula que os eletrões que se deslocam à volta do núcleo só podem ocupar certos níveis permitidos, as órbitas ou níveis quânticos. Quando um eletrão absorve energia, como a energia proveniente da luz, pode saltar de um nível para outro, superior, e o mesmo sucede quando a perde, descendo para uma órbita inferior. No entanto, os eletrões nunca podem ocupar níveis de energia intermédios, razão pela qual a energia que possuem é sempre proporcional à necessária para transitar de uns níveis para outros. Em Física Quântica, essa quantidade de energia necessária é conhecida como quantum, podendo assim afirmar-se que os sistemas quânticos só podem possuir determinados valores de energia: os quantificados.
Outros conceitos importantes são a função de onda, que na Mecânica Quântica é o estado quântico de um sistema de uma ou mais partículas; o efeito túnel que é um fenómeno no qual as partículas conseguem transpor um estado de energia que por natureza lhes é proibido; a Computação Quântica; a Criptografia Quântica e o Teletransporte Quântico.
Para conhecer algum do contributo dos cientistas portugueses para o estudo da Física de Partículas, desde meados do século XX, consulte o inventário em linha do ACT.
Rosália Dias Lourenço
Webgrafia:
Freire, N. (2024, 14 de fevereiro). Cinco pontos-chave para entender a Física Quântica. National Geograpic Portugal.
O que é: Tecnologias emergentes – Glossário completo. (2024). Aprender estatística fácil.
Siqueira, P. (2020, 3 de julho). Partículas subatômicas, o que são? – Conceito, aplicação e tipos. Grupo Bolha.
Sociedade Brasileira de Física (2024). ONU declara 2025 Ano Internacional da Ciência e Tecnologia Quânticas. SBF.
Sousa, P. (2024, 5 de janeiro). Mecânica Quântica – o que é, importância, conceito e definição. Conceito.de.