Ano de 2025
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Julho
Imagem retirada de GI, (disponível em https://g1.globo.com/educacao/noticia/2024/03/14/dia-do-pi-por-que-e-comemorado-em-14-de-marco.ghtml.)
Dia da Aproximação de π (Pi)
Este mês trazemos uma pequena curiosidade sobre a constante mais famosa da história da matemática. A pergunta é: Sabia que existe um dia em que se comemora a Aproximação de π e que a 14 de março se celebra o Dia de π? Pois é… vamos saber um pouco mais sobre este número irracional.
O número π é uma constante matemática cuja razão se encontra entre o comprimento de uma circunferência e o seu diâmetro, correspondendo o valor a 3,14159…, o curioso é que, independentemente do tamanho da circunferência, esta relação tem sempre o mesmo valor. É muitas vezes representado por valores aproximados, sob a forma de fração, sendo a mais comum 22/7, sendo por isso uma representação decimal que nunca acaba e cujo padrão se repete infinitamente. É por esta razão, que no dia 22/07 se comemora o Dia da Aproximação de Pi. Já a 14/3, ou melhor, 3/14 à americana, se assinala o Dia de Pi, que curiosamente assinala também o dia de nascimento de Albert Einstein, fazendo com que seja um dia celebrado pelos fãs das ciências matemáticas.
O valor de Pi é conhecido desde a Antiguidade, pensa-se que os egípcios já o conheciam há cerca de 4000 anos, segundo papiros do Antigo Egipto, registam-no com valor de 3,16. Mas é por volta do século III a.c. que Arquimedes calculou o perímetro de hexágonos e aplicou-os a uma circunferência, fazendo aumentar o número de lados até 96, chegando a obter o valor de 3,142. Com a mesma técnica, ou seja, usando um polígono com um máximo de lados possível inseridos numa circunferência, Ptolomeu fê-lo até ao número de 720 lados e obteve o valor de 3,1416. Por sua vez, no século V, os chineses conseguiram um polígono com 3072 lados obtendo um valor de 3,14159. Todos estes cálculos eram feitos manualmente e foram-se aprimorando ao longo dos séculos. Mas foi no início do século XVIII que William Jones atribui o símbolo π a este número irracional cujo seu valor exato é infinito.
Suzana Oliveira
Webgrafia
Constante Pi. Sabias que se comemora o dia do Pi? (s.d.). Explicatorium. Acedido a 17 de junho de 2025.
Contribuidores dos projetos da Wikimedia. (20025, julho 19). Pi. Wikipédia, a enciclopédia livre.
Qual é a história do número pi? Quem descobriu o pi? (s.d.). matematica.pt. Acedido a 17 de junho de 2025.
Junho
Representação da Comissão Europeia em Portugal. (s.d.). Fotografia da sede da Representação da Comissão Europeia em Portugal.
40 Anos da Assinatura da Adesão de Portugal às Comunidades Europeias
No próximo dia 12 de junho assinalam-se os 40 anos da assinatura do Tratado de Adesão às então Comunidades Europeias, assinado em 1985 no Mosteiro dos Jerónimos, por Mário Soares.
O Arquivo de Ciência e Tecnologia não poderia deixar de assinalar a data, uma vez que esta abertura à Europa viria a revelar um grande apoio ao desenvolvimento económico do país, mas também ao incentivo e apoio a uma comunidade científica que é hoje bem distinta da daquele período.
Inicialmente a Europa, também conhecida como a Europa dos seis, criou a então CEE através da assinatura do Tratado de Roma em 1957 e que visava já acordos de livre comércio entre os países fundadores, Itália, França, Luxemburgo, Bélgica, Alemanha e Países Baixos.
Desde 1957 que tudo mudou na Europa. Sucessivos alargamentos, somos agora 27 Estados membros numa União Económica e Política. Novos acordos como o de 1993, com a assinatura do Tratado de Maastricht, e o Tratado Lisboa em 2007, a última revisão significativa no que a questões constitucionais diz respeito, e que teve efeitos a 1 de dezembro de 2009, veio a registar as alterações no sistema de votação por maioria qualificada e a eleição de um Presidente do Conselho Europeu.
Apesar das mudanças políticas ocorridas no seio da Europa, os avanços conseguidos são evidentes, sobretudo na melhoria da qualidade de vida das pessoas.
A integração de Portugal nas instituições europeias teve início no ano de 1972 com um primeiro acordo comercial que visava comércio livre, porém, na mudança de regime criada com o 25 de abril de 1974, a CEE concedeu uma ajuda financeira de urgência a Portugal e em 1976, concluiu-se um protocolo adicional aos acordos de 1972, alargando-o aos domínios financeiro, industrial e técnico. Estava aberto o caminho para as negociações de uma adesão às comunidades europeias, que à época eram três: a Comunidade Económica Europeia (CEE), a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) e a Comunidade Europeia da Energia Atómica (EURATOM).
O primeiro pedido de adesão, formalizado pelo I Governo Constitucional, aconteceu a 28 de maio de1977 com parecer favorável ao início das negociações assinado a 06 de junho de 1978, iniciando-se as reuniões para a adesão a 17 de outubro de 1978.
A formalização de todo o processo de adesão às comunidades europeias, vulgarmente designado por adesão à CEE, culminaria no dia 12 de junho de 1985 com a sua assinatura em Lisboa.
Volvidos 40 anos de integração europeia, a realidade de hoje é bem diferente da dos anos de 1980, assim como o investimento em políticas de ciência é também maior, apesar dos desafios que ainda é necessário enfrentar. É possível escrever História deste período, sobretudo no que diz respeito a Políticas e Investimento em Ciência e Tecnologia com base na consulta de documentação existente no Arquivo de Ciência e Tecnologia que guarda e conserva um acervo importantíssimo sobre estes temas.
Suzana Oliveira
Fonte
Gonçalves, ME (1981). Política de Ciência e Tecnologia da CEE e o Regime das Transferências de Tecnologia entre Estados-Membros. Algumas incidências de Adesão de Portugal. PT/FCT/JNICT/DIR/014/0010/15. Arquivo de Ciência e Tecnologia. Fundação para a Ciência e Tecnologia. Lisboa, Portugal.
Webgrafia
Eurocid. (2025). Assinatura do Tratado de Adesão às Comunidades Europeias de Espanha e de Portugal (40º Aniversário): Assinatura a 12 de junho de 1985.
Parlamento Europeu. (s.d.). Tratado de Lisboa. Sobre o parlamento.
Parlamento Europeu. (s.d.). Tratado de Roma. Sobre o Parlamento.
Parlamento Europeu. (s.d.). Tratado da União Europeia TUE)/ Tratado de Maastricht. Sobre o Parlamento.
Maio
Sabia que em maio se comemora o centenário do primeiro planetário com projetor?
No dia 7 de maio comemora-se o centenário do primeiro planetário com projetor, o planetário Zeiss que foi inaugurado no Museu Alemão, em Munique, precursor dos vários que nos últimos 100 anos têm permitido ao grande público a observação astronómica com a apresentação de espetáculos educativos e lúdicos sobre o céu noturno, em particular, e astronomia, em geral, numa grande tela em forma de cúpula.
Este projetor de planetário foi inventado na Carl Zeiss Company, por Walther Bauersfeld que teve a ideia de projetar o céu numa sala escura. Depois de alguns anos de cálculos e pesquisas foi construído o primeiro projetor de planetário moderno.
Mas antes dos projetores de planetário já existiam modelos mecânicos de representação do Sistema Solar, os orrery, usados para recriar os movimentos dos planetas e dos satélites naturais ao redor do sol. O primeiro foi feito em 1704 pelos relojoeiros George Graham e Thomas Tompion e no Planetário Real Eise Eisinga, Países Baixos, está o mais antigo orrery em funcionamento, construído entre 1774 e 1781, que foi classificado Património Mundial da UNESCO em 2023.
Desde a Antiguidade até aos nossos dias a evolução técnica foi transformando os meios à nossa disposição para a observação astronómica, agora podemos ter um planetário no nosso telemóvel com a simples instalação de uma aplicação, mas o estudo da Astronomia faz parte da história da humanidade. O mais antigo observatório astronómico que se conhece é o de Nabta Playa, no Egipto, um círculo de pedras construído há cerca de 7 500 anos, usado por povos nómadas do deserto do Saara como calendário e para observar algumas estrelas. Arquimedes terá sido o primeiro a criar um dispositivo planetário, por volta de 250 AC, ao construir um globo de metal no qual demonstrava os movimentos dos planetas. Também Ptolomeu terá construído um globo celestial que, apesar de nunca ter sido encontrado, tem registo do seu projeto. No século XVI o astrónomo dinamarquês Tycho Brahe construiu o primeiro observatório astronómico sob encomenda de Frederico II, na ilha de Ven, era uma esfera com diâmetro de 1,5 metros que permitia a observação de estrelas a olho nu. Em meados do século XVII foi construído na Alemanha o Globo de Gottorf que, com cerca de quatro metros de diâmetro, tinha no seu interior um banco circular para várias pessoas observarem um mapa estelar com símbolos astrológicos e mitológicos.
Desde a criação do projetor de planetário até à projeção digital dos nossos dias, várias foram as etapas de evolução técnica. Em meados do século XX os projetores de slides e as lentes Olho de Peixe passaram a ser utilizados nos planetários, possibilitando a projeção de imagens de mais fenómenos naturais, do que os astronómicos (formações de nuvens, pôr do sol, imagens subaquáticas). No início dos anos 70 passaram a ser usados também projetores de efeitos especiais e surgiram os chamados Planetários Híbridos com a utilização dos sistemas de filmes OMNIMAX (Domos IMAX e IMAX Dome), os planetários passaram a ser interativos, moderados ao vivo, utilizando também luzes a laser e mais tarde, nos anos 80, projetores de vídeo adicionais. A partir desta data começa a digitalização na tecnologia de projeção, com a qual foi possível sair virtualmente da visão geocêntrica do céu noturno e voar pelo espaço. Este foi um marco na passagem da tecnologia analógica para a digital, não só nos equipamentos de projeção, mas também na utilização de outros equipamentos multimédia. A partir dos finais dos anos 90 com o desenvolvimento da tecnologia de projeção fulldome digital, esta tem vindo a substituir os dispositivos de multimédia individuais, o que significa que não há mais limites técnicos para o conteúdo visual nos planetários.
Em Portugal foi inaugurado no dia 20 de julho de 1965 o Planetário de Marinha que, tal como na Alemanha também foi instalado num museu, no nosso caso o Museu de Marinha. A sua construção resultou de uma parceria entre o Estado Português e a Fundação Calouste Gulbenkian.
Sobre Astronomia, no ACT há documentação relativa a processos de financiamento de projetos realizados no Observatório Astronómico de Lisboa, no Observatório Astronómico da Região Autónoma da Madeira, sobre alguma da atividade desenvolvida nos Centros de Investigação e da cooperação nacional com o Observatório Europeu do Sul, em mais de 200 registos.
Rosália Dias Lourenço
Webgrafia
Direção Cultural de Marinha (2025). O planetário.
Green savers (2021, março 14). Nabta Playa, o primeiro observatório astronómico do mundo.
Star Walk Space (2025, abril 30). Celebrando um século de planetários: Uma retrospectiva dos 100 anos de exploração celeste.
Espaço Ciência Viva (2025). Planetários Itinerantes: o projetor na era digital.
Abril
Sabia que Portugal vai estar na EXPO2025?
O local desta Expo é em Osaka, numa ilha artificial à beira do Mar Interior de Seto. Terá uma área de pavilhão no centro, com água na parte sul e vegetação na parte oeste, como bem se pode ver na fotografia.

Retirada de : https://www.the-expo.org/site/en/2025-osaka#
A Expo 2025 Osaka Kansai será dedicada à vida e à importância das pessoas nas inovações para um futuro melhor, numa sociedade onde todos se sintam protegidos, contrariando a crise global em que nos encontramos, e vai decorrer entre abril e outubro de 2025, no Japão.
Portugal, mantendo o tema escolhido para a nossa EXPO’98, terá um Pavilhão dedicado ao “Oceano, Diálogo Azul” no pressuposto de que queremos, para o futuro da nossa sociedade, sustentabilidade e inovação na proteção dos oceanos e da economia azul. O desenvolvimento sustentável será possível pela conservação da biodiversidade, apesar das dificuldades decorrentes das alterações climáticas, e neste pavilhão serão apresentadas soluções inovadoras para a conservação dos ecossistemas marinhos e o crescimento económico sustentável, que evidenciam a ambição de Portugal em ser líder global em sustentabilidade e preservação ambiental, o que só será possível através da cooperação internacional.
O Pavilhão de Portugal, com uma arquitetura que utilizou redes recicladas e cordas suspensas, terá áreas de exposição, um restaurante, uma loja com produtos em cortiça, burel e vime, e um espaço multiusos para eventos culturais, científicos e empresariais.
O Dia de Portugal na Expo 2025 Osaka será a 5 de maio, que é também o Dia Mundial da Língua Portuguesa e, no Japão, o Dia da Criança. Neste dia, a música, a arte e a arquitetura portuguesas estarão presentes com espetáculos musicais, animações de rua de sensibilização para a importância da reciclagem e a inauguração da Exposição Siza, com trabalhos de Álvaro Siza Vieira.
Apesar de quase dois séculos decorridos desde a primeira exposição universal em 1851, muitas têm sido as exposições mundiais e internacionais que, ao longo deste tempo, têm mantido como objetivo principal que cada país participante tenha oportunidade para promover a sua visibilidade internacional. Portugal, enquanto país que sabe, e quer, que o futuro sustentável da sociedade seja baseado nos oceanos e na relação que os humanos têm com eles, pretende com a sua participação dar a conhecer o talento nacional, atrair investimento estrangeiro e participar em projetos inovadores.
Esta será mais uma exposição, na senda da Convenção de Paris de 1928 (ratificada por Portugal em 1931) que regulamentou que são exposições internacionais as de natureza não comercial, nem de belas-artes, que durem mais de 3 semanas. Esta Convenção também estabeleceu a sua frequência, normas de participação e determinou a criação do Bureau International des
Expositions (BIE), entidade que tem garantido a adaptação das Expo às necessidades das nossas sociedades em constante evolução, apesar das desigualdades socioeconômicas e da necessidade de defesa do Meio Ambiente.
As Expo têm sido plataformas internacionais para educação e desenvolvimento e, nos últimos anos, de acordo com a Declaração do BIE de 1994, estas exposições têm divulgado soluções para os desafios atuais, designadamente a Proteção do Meio Ambiente e o Desenvolvimento Sustentável.
No ACT há documentação sobre a participação de Portugal em algumas feiras internacionais, como é possível ver nos resultados desta pesquisa do termo EXPO.
Rosália Dias Lourenço
Webgrafia
Bureau International des Expositions (2025). Expo 2025 Osaka Kansai.
EXPO 2025 Osaka, Kensai, Japão (2025). Site oficial da Expo 2025 Osaka, Kansai, Japão.
Portugal EXPO2025 (2025). Bem-vindo a Portugal na Expo 2025 em Osaka | Website Oficial.
Portal do Mar, (2025, 20 de janeiro). Portugal realça o Oceano na Expo 2025 Osaka.
Março
Sabia que… existiu um museu em Lisboa chamado Museu Bocage?
Na sua génese o Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MUHNAC) teve um percurso que não foi linear, sobretudo devido às suas muitas valências e administrações que desde o século XVIII, com as ideias iluministas, trazia também esse estranho interesse pela Ciência…
Foquemo-nos na instalação do Museu na então Escola Politécnica de Lisboa, após o Rei D. Pedro V, em 1858, decretar que o Museu de História Natural fosse transferido da Academia Real de Ciências de Lisboa para as instalações da referida Escola, integrando as coleções de Zoologia e Mineralogia, sendo constituídas à época, em duas secções.
É na qualidade de representante da Escola Politécnica de Lisboa que, a 8 de maio de 1858, José Vicente Barbosa du Bocage (1823-1907) toma posse das coleções do então Museu, vindas da Academia Real de Ciências, acompanhadas de um acervo documental pertencentes ao então Museu de História Natural, e que mais tarde viria a ter a designação de Museu Nacional de Lisboa.
Mas quem foi então José Vicente Barbosa du Bocage, nascido no Funchal?
Veio a ser uma figura preponderante no meio científico português da segunda metade do século XIX. Licenciado em Medicina pela Universidade de Coimbra, interessa-se por temas da Zoologia, sendo responsável por identificar, classificar e descrever mais de duas centenas de espécies, tendo iniciado o estudo sistemático de espécies de vertebrados, nomeadamente de faunas ornitológica e herpetológica, destacando-se trabalhos efetuados em Angola e no Congo, realizados por José de Anchieta, entre outros. Foi curador do Museu Nacional de Lisboa, à época parte integrante da Escola Politécnica, tendo-se tornado, sob a sua direção, um museu de referência devido em grande medida ao seu trabalho de organização, classificação e descrição da fauna de Portugal e das então colónias africanas, fazendo com que as suas colaborações internacionais se estendessem ao Museu de História Natural de Paris, tendo também ajudado a fundar a Sociedade de Geografia de Lisboa.
A designação de Museu Nacional de Lisboa é referida em Carta de Lei de 1861 e fixada por decreto, que estabelece o regulamento do Museu no ano seguinte, compreendendo à época duas secções: Zoologia e Mineralogia.
Mas é em 1911, com a reforma do ensino universitário, que a Escola Politécnica passa a então a designar-se Faculdade de Ciências e é integrada na Universidade de Lisboa. É aqui que o Museu Nacional de Lisboa passa a ser um estabelecimento anexo da Faculdade, mas mantendo a sua autonomia administrativa e financeira. Só em 1919 é que são regulamentadas as atribuições dos estabelecimentos anexos às Faculdades, desde laboratórios a museus, onde o Museu Nacional de Lisboa é visado, com as suas, agora, três secções: Zoologia e Antropologia (Museu Bocage) em homenagem a José Vicente Barbosa du Bocage; secção de Botânica e secção Mineralógica e Geológica, sendo cada uma dirigida por um Professor da respetiva área científica e eleitos pelo Conselho da Faculdade.
Depois de definida a clarificação relativamente à autonomia do Museu é em 1926 que, por Decreto, o museu passa a designar-se Museu Nacional de História Natural, passando as anteriores secções a serem formalmente independentes entre si, ficando sob direção dos respetivos professores da especialidade. As secções passam então a designar-se Museu e Jardim Botânico, Museu Mineralógico e Geológico e Museu Zoológico e Antropológico – Museu Bocage, ao qual se anexou também a Estação de Zoologia marítima.
Assim terá permanecido até 1978, mais concretamente até 18 de março, data do incêndio que consumiu as instalações da Faculdade de Ciências, perdendo-se a maior parte do espólio e coleções do Museu.
No Arquivo de Ciência e Tecnologia, no fundo Diário de Lisboa Vida Científica / Ciência, uma página científica dos anos 60 que nos chegou por doação de Beatriz Ruivo, existe um pequeno conjunto de textos e entrevistas sobre o Museu Bocage que terão servido de base a um artigo que não chegou a ser publicado na página e cujo texto se perdeu, mas que ilustra e descreve, ainda que sumariamente, a organização deste Museu nos anos de 1960.
Suzana Oliveira
Webgrafia:
Ceríaco, L. (2014). O “Arquivo Histórico Museu Bocage” e a história da História Natural em Portugal. In M. Alves, A. Cartaxana, A. Correia & L. Lopes (Coord.), Professor Carlos Almaça (1934-2010): Estado da arte em áreas científicas do seu interesse (pp. 329-358). Museu Nacional de História Natural e da Ciência.
Póvoas, L., Lopes, C., Melo, I., Correia A., & Alves, J. (2016). O Museu Nacional de História Natural: Uma história atribulada e uma questão em aberto. Estudos do Quaternário, 14, 105-113.
Quartau, J. A. (2019, janeiro 03). Um retrato de zoologia. Evocações sobre entomologia no Museu Bocage e na Faculdade. Actualidades: Notícias: Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
Fonte:
Ruivo, Beatriz (s.d.). Museu Bocage. (PT/FCT/DLVCC/002/25). Arquivo de Ciência e Tecnologia. Lisboa. Fundação para a Ciência e Tecnologia.
Fevereiro
Ano do centenário de Carlos Paredes (1925 – 2004)
A 16 de fevereiro de 1925 nascia em Coimbra aquele que viria a ser uma referência na música portuguesa e grande impulsionador da Guitarra Portuguesa. Falamos de Carlos Paredes, cujo centenário se assinala este ano.
O Arquivo de Ciência e Tecnologia não quis deixar de assinalar a data, dedicando-lhe um pequeno texto, até porque, no seu percurso de vida, Carlos Paredes tem a “curiosidade” de ter sido Arquivista de radiografias no Hospital de S. José, em Lisboa.
Filho e neto de dois nomes maiores da guitarra portuguesa, tocada e afinada ao estilo de Coimbra, falamos de Artur Paredes (pai) e Gonçalo Paredes (avô). Carlos Paredes começa a tocar com cerca de 9 anos de idade e aos 14 anos acompanhou o pai num programa semanal que este tinha na Emissora Nacional.
No ano de 1934 a família muda-se para Lisboa e Carlos Paredes conclui a instrução primária no Jardim Escola João de Deus vindo a frequentar mais tarde o Liceu Passos Manuel. No seu percurso escolar faz exame para o curso Industrial no Instituto Superior Técnico que chega a frequentar durante um ano.
É então, em 1949, que inicia funções no Hospital de S. José, como arquivista de radiografias, porém, em 1958, e por ter aderido ao Partido Comunista Português, é preso a 26 de setembro dentro do Hospital, tendo sido suspenso de funções no Estado. Foi durante alguns anos delegado de propaganda médica após ter sido libertado pela PIDE em 1959.
Dedica o seu tempo livre à composição musical, produzindo temas para cinema e teatro, destacando-se em 1960 com a banda sonora da curta-metragem de Cândido Costa Pinto «Rendas de Metais Preciosos». Em 1962, a convite do realizador Paulo Rocha, compõe uma das suas obras mais emblemáticas, a banda sonora do filme «Verdes Anos», tendo sido reconhecido pelo seu trabalho.
Mas é em 1971 que grava aquela que viria a ser considerada a sua obra-prima, «Movimento Perpétuo», com vários temas originais onde se inclui esta composição que daria nome ao álbum. Após o 25 de Abril, a música de Carlos Paredes soa nas rádios e na televisão e, em 1975, edita o álbum «É preciso um país» com músicas de sua autoria e poemas de Manuel Alegre.
Carlos Paredes frequentou alguns dos grandes palcos europeus, mudou de editora, deixando a Valentim de Carvalho e passando a trabalhar com a Polygram e edita um álbum gravado ao vivo em Frankfurt com temas inéditos.
Em 1984 faz um dueto com António Vitorino de Almeida editando o disco «Invenções Livres». Ainda no final da década de 1980 edita o álbum «Dialogues» em dueto com o norte americano e contrabaixista de Jazz Charles Haden e tem uma participação especial, no Coliseu dos Recreios, com os Madredeus, cujo álbum foi gravado ao vivo.
Em 1993 dá o seu último concerto na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, com a sua companheira Luísa Amaro. É neste ano que lhe é diagnosticada uma doença que o impede de tocar.
Em 1992 é agraciado com a comenda da Ordem Militar de Santiago da Espada a 10 de Junho e em 1996 edita o seu último álbum «Na corrente» onde reúne material inédito.
Vem a falecer a 23 de julho de 2004.
As suas influências musicais vinham tanto da música popular portuguesa como do fado de Coimbra, transformando a sua forma original de tocar numa sonoridade muito própria que o distinguia de outros guitarristas de Guitarra Portuguesa.
Faria 100 anos a 16 de fevereiro.
Suzana Oliveira
Webgrafia:
Agência Lusa (2024, 23 de julho). Centenário de nascimento de Carlos Paredes: Ministério da Cultura cria grupo de trabalho para comemorações. Blitz. Expresso
Meloteca (2017). Carlos Paredes, Guitarra.
Museu do Fado (s.d.). Carlos Paredes. Biografia.
Janeiro
Representação de um qubit, a unidade básica de informação de um computador quântico.
Fonte: ISTOCK em Cinco pontos-chave para entender a física quântica.
2025 – Ano internacional da ciência e tecnologia quântica
Se achas que entendes a mecânica quântica é porque, na verdade, não a entendes, Niels Bohr
Para comemorar o centenário da Mecânica Quântica, a Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou oficialmente que 2025 fosse o Ano Internacional da Ciência e Tecnologia Quânticas.
Esta decisão foi tomada sob proposta apresentada pelo Conselho Executivo da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO, num trabalho partilhado com a União Internacional de Física Pura e Aplicada, a União Internacional de Química Pura e Aplicada, a União Internacional de Cristalografia e a União Internacional de História e Filosofia da Ciência e Tecnologia.
Todas estas entidades reconhecem a importância da Mecânica Quântica nas aplicações tecnológicas emergentes, das quais, em muito, já depende o nosso dia-a-dia, são elas: Inteligência Artificial (IA); Blockchain; Internet das Coisas (IoT); Biotecnologia; Realidade Aumentada (RA) e Realidade Virtual (RV); Computação Quântica; 5G e Conectividade Avançada; Impressão 3D.
Foi Werner Heisenberg (Prémio Nobel da Física em 1932) que, em 1925, marcou o início formal da Mecânica Quântica. É dele o Princípio da Incerteza, no qual afirmou ser impossível medir com precisão a velocidade e a posição de uma partícula elementar. Quanto maior for a precisão do estudo da posição de uma partícula, mais imprecisão encontraremos no cálculo do seu movimento e vice-versa. Esta máxima também é aplicável à energia e ao tempo, pois quanto mais rigorosa for a medição do tempo num sistema quântico, menos rigorosa será a medição da energia nesse instante e vice-versa.
A Mecânica Quântica, ou Física Quântica, estuda a quantidade indivisível de energia que as partículas elementares têm nos fenómenos do universo que se manifestam na escala atómica e subatómica, nas unidades fundamentais da matéria e da energia – partículas que são fragmentos reduzidos da matéria, mas que, apesar disso, mantêm as propriedades químicas de uma substância intacta.
As partículas subatómicas, também designadas partículas elementares, correspondem a unidades fundamentais da matéria e da energia que é difícil encontrar no estado natural, devido à sua instabilidade, por isso, foram criados aceleradores de partículas que são dispositivos usados para imitar o comportamento natural das partículas subatómicas.
O desenvolvimento da Física Quântica deu-se a partir do conhecimento de que o átomo é um sistema composto por partículas elementares, formado por eletrões que giram em volta de um núcleo atómico, com diferentes estados e energias que formam os fotões. Mais tarde foi comprovado que esse núcleo é composto por partículas ainda menores, denominadas nucleões, com carga positiva ou nula, os protões e os neutrões, constituídos por partículas ainda mais pequenas, os quarks.
A Mecânica Quântica tem esta designação devido a um fenómeno muito conhecido dos físicos – a quantização. Exemplo desse fenómeno é o caso de um eletrão que orbita à volta de um núcleo positivo, a Mecânica Quântica possibilita que essa energia (do eletrão) seja quantizada.
Um dos princípios da Física Quântica, a Dualidade Onda-Partícula, estabelece que determinadas partículas podem comportar-se de duas maneiras diferentes, em simultâneo, enquanto viajam através do espaço. Tanto podem ser partículas com uma posição e propriedades muito bem definidas, como comportar-se como ondas, como se fossem ondulações na água, propagando-se e difundindo-se pelo espaço sem uma localização precisa.
A Sobreposição Quântica é o conceito básico em Computação Quântica, baseia-se no facto de os bits quânticos, as unidades básicas de informação quântica, poderem representar diversos estados em simultâneo. É isto que lhes permite realizar cálculos muito complexos de forma muito mais rápida e eficiente do que os computadores clássicos.
Já o Entrelaçamento Quântico é outro fundamento da Física Quântica, em que determinadas partículas possuem propriedades que as vinculam entre si, o que possibilita que, ao medir uma, se conheça automaticamente o estado da outra, independentemente da distância que as separe.
Por sua vez para compreender a quantização da energia é necessário compreender o modelo quântico do átomo. Proposto por Niels Bohr em 1913, o modelo estipula que os eletrões que se deslocam à volta do núcleo só podem ocupar certos níveis permitidos, as órbitas ou níveis quânticos. Quando um eletrão absorve energia, como a energia proveniente da luz, pode saltar de um nível para outro, superior, e o mesmo sucede quando a perde, descendo para uma órbita inferior. No entanto, os eletrões nunca podem ocupar níveis de energia intermédios, razão pela qual a energia que possuem é sempre proporcional à necessária para transitar de uns níveis para outros. Em Física Quântica, essa quantidade de energia necessária é conhecida como quantum, podendo assim afirmar-se que os sistemas quânticos só podem possuir determinados valores de energia: os quantificados.
Outros conceitos importantes são a função de onda, que na Mecânica Quântica é o estado quântico de um sistema de uma ou mais partículas; o efeito túnel que é um fenómeno no qual as partículas conseguem transpor um estado de energia que por natureza lhes é proibido; a Computação Quântica; a Criptografia Quântica e o Teletransporte Quântico.
Para conhecer algum do contributo dos cientistas portugueses para o estudo da Física de Partículas, desde meados do século XX, consulte o inventário em linha do ACT.
Rosália Dias Lourenço
Webgrafia:
Freire, N. (2024, 14 de fevereiro). Cinco pontos-chave para entender a Física Quântica. National Geograpic Portugal.
O que é: Tecnologias emergentes – Glossário completo. (2024). Aprender estatística fácil.
Siqueira, P. (2020, 3 de julho). Partículas subatômicas, o que são? – Conceito, aplicação e tipos. Grupo Bolha.
Sociedade Brasileira de Física (2024). ONU declara 2025 Ano Internacional da Ciência e Tecnologia Quânticas. SBF.
Sousa, P. (2024, 5 de janeiro). Mecânica Quântica – o que é, importância, conceito e definição. Conceito.de.