Maria Arménia Carrondo

 

Fotografia de Maria Arménia CarrondoPresidente da FCT (2015 – 2016).
Vice-reitora da UNL (2007 – 2013).


Maria Arménia Abreu Fonseca de Carvalho Teixeira Carrondo nasceu em Vila Nova de Famalicão, em 1948. É professora catedrática jubilada do Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier, da Universidade Nova de Lisboa, da qual foi Vice-Reitora de 2007 a 2013.

Em 1971 concluiu o curso de Engenharia Química na Universidade do Porto e, em 1978, o doutoramento em cristalografia química no Imperial College, Londres. Nas duas décadas seguintes, além de investigadora, foi professora associada e posteriormente agregada no Instituto Superior Técnico, em Lisboa.

Em 1989, depois de terminar a licença sabática em “Biological macromolecular crystallography” no Departamento de Biologia do Massachusetts Institute of Technology, EUA, participou na criação do Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB), mais tarde integrado na Universidade Nova de Lisboa, na qual foi professora catedrática de 1998 a 2018.

O seu trabalho de investigação científica teve por base o estudo da estrutura tridimensional de moléculas biológicas por cristalografia de raios X, investigação de que foi pioneira Dorothy Hodgkin, que iniciou a investigação da estrutura da insulina em 1934, tendo recebido o prémio Nobel da Química em 1964. Mas as primeiras estruturas de proteínas globulares foram determinadas por Max Perutz e John Kendrew, a quem foi atribuído o prémio Nobel da Química em 1962. Estes estudos só foram possíveis depois do trabalho de Rosalind Franklin, que obteve as primeiras imagens de fibras de DNA por difração de raios-X. Rosalind Franklin morreu precocemente sem receber o crédito devido por esse trabalho pioneiro. O conhecimento da estrutura tridimensional destas moléculas através da difração de raios-X permite identificar a distribuição e natureza dos átomos constituintes, fundamental para a compreensão dos mecanismos e processos biológicos.

Com uma vida dedicada à investigação em cristalografia de macromoléculas, foi pioneira no desenvolvimento da área de biologia estrutural em Portugal e criou no ITQB o maior grupo de cristalografia de macromoléculas. É co-autora de um grande número de artigos científicos sobre esta matéria, publicados em revistas científicas portuguesas e internacionais.

Entre 1998 e 2002 foi representante do governo português no Conselho do Laboratório Europeu de Radiações Sincrotrão (ESRF), em Grenoble, França. Foi também representante do ministro da Ciência e Tecnologia, Mariano Gago, nas negociações que conduziram à adesão de Portugal a este laboratório em 1998. Coordenou a adesão de Portugal ao INSTRUCT, uma infraestrutura do European Strategy Forum of Research Infrastructures, cuja principal missão consiste na promoção da investigação em biologia estrutural integrada nos países-membros.

Como Vice-Reitora da Universidade Nova de Lisboa, contribuiu para o planeamento estratégico desta universidade e liderou a sua participação em projetos do espaço europeu de ensino superior, designadamente U-MAP e U-Multirank.

Participou em painéis de avaliação de instituições científicas internacionais, nomeadamente no European Molecular Biology Laboratory (EMBL), no Laboratório Max-IV, Suécia, nos Scientific Advisory Board do ESRF e do EMBL-Hamburgo e em painéis de avaliação de projetos do European Research Council (ERC), EMBL-Hamburgo, ESRF, da Academia das Ciências da Finlândia e do Swiss Light Source, Suiça. Para além da colaboração científica com um grande número de instituições, participou na organização de encontros científicos internacionais.

Responsável pela supervisão de doutoramentos e pós-doutoramentos desde 1987, orientou trabalhos de investigadores bolseiros da FCT, em cujo Arquivo de Ciência e Tecnologia se encontram os processos e respetivas teses.

Recebeu vários prémios e distinções ao longo da sua carreira. Foi eleita membro da European Molecular Biology Organization (EMBO) em 2000. Em 2004 recebeu o prémio ”Estímulo à Excelência”, a European Medal for Bio-Inorganic Chemistry 0(Eurobic) atribuída pela Society for Bio-Inorganic Chemistry e o prémio do melhor artigo em biofísica, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Biofísica.

A 25 de outubro de 2005 foi homenageada pelo seu contributo para a ciência em Portugal, durante a cerimónia de lançamento do livro ANNUALIA 2005-2006, da Editorial Verbo, com a entrega do Prémio ANNUALIA.

Foi condecorada, em 2007, pelo Município de Oeiras e, em 2008, pelo Município de Vila Nova de Famalicão com as medalhas de honra destes municípios. Em 2021 recebeu a medalha de mérito científico do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior atribuída no encontro Ciência 2021, promovido e organizado por este Ministério.

A exposição fotográfica “Mulheres na Ciência”, inaugurada no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, a 8 de março de 2015 – Dia da Mulher, foi uma homenagem às mulheres cientistas portuguesas com uma mostra de alguns rostos, de diferentes gerações, mas todas elas profissionais de referência nas suas áreas de investigação. Desta exposição, além de uma fotografia de Maria Arménia Carrondo, constava a sua afirmação:
“A cristalografia permite-nos olhar para o interior das moléculas e conhecer a sua estrutura tridimensional, conhecer os átomos, que as constituem, ver como estão interligados e, a partir daí, compreender a função das proteínas e elucidar mecanismos fundamentais de biologia e de medicina.”

Em 2015 foi nomeada Presidente da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. À altura era assessora do Conselho Diretivo da FCT e membro do Conselho Científico para as Ciências da Vida e da Saúde, desta fundação.

Foi a primeira mulher a presidir à FCT.

 


 

Fontes:
Arquivo de Ciência e Tecnologia da FCT.

Webgrafia (acedida em março de 2021):
CV Prof Maria Arménia Carrondo — ITQB (unl.pt)
Maria Arménia Carrondo é a nova presidente da FCT | Política científica | PÚBLICO (publico.pt)
Nova presidente da FCT considera fundamental continuar reformas científicas – Observador
Folheto Exposição Mulheres na Ciência – Arquivo – Ciência Viva (cienciaviva.pt)

 

Agosto de 2021