Médico, Investigador e Assistente da Faculdade de Medicina de Lisboa (1942-1947).
Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Laboratorial (1967).
Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano (1957 – 1975).
Luís Ernani Dias Amado foi médico, investigador, analista clínico, professor universitário, ativista político e lutador antifascista. Filho de Luís Dias Amado e de Capitolina Monteiro, nasceu em Lisboa a 19 de janeiro de 1901 e viria a falecer na mesma cidade a 22 de janeiro de 1981.
Foi aluno do Liceu Pedro Nunes, que à época, se chamava Liceu Central de Pedro Nunes e em 1919 inicia o curso de Medicina, na Faculdade de Medicina de Lisboa. Foi aluno de, entre outros, Augusto Celestino da Costa, tendo concluído, em 1925, com a dissertação de licenciatura «Contribuição para o estudo das células de Nicolas» o seu curso de Medicina. Já nessa altura, era assistente convidado da cadeira de Histologia e Embriologia na mesma Faculdade.
Exerceu prática clínica até 1932, ano em que concorre para assistente de análises clínicas nos Hospitais Civis de Lisboa.
Em 1942, defende o seu doutoramento, com a tese denominada «Complexos neuro-epiteliais e neuro-epitelióides» e ingressa, no ano seguinte, como primeiro assistente na Faculdade de Medicina de Lisboa, cargo que acumula com a carreira médica e de analista clínico, num laboratório privado.
Publica vários artigos em revistas da especialidade e em 1944 é nomeado para chefe dos Serviços de Análises Clínicas dos Hospitais Civis de Lisboa.
Em junho de 1947 foi alvo da «demissão compulsiva» resultante do decreto 18 de junho, do mesmo ano, que expulsa dos serviços públicos oficiais, um grupo de opositores ao Estado Novo, entre os quais está Luís Ernani Dias Amado, que deixa de exercer funções públicas na Faculdade de Medicina de Lisboa e nos Hospitais Civis de Lisboa, até à sua reintegração administrativa, em 1975, altura em que tinha atingido a idade da reforma.
Continuou a sua carreira de investigador e clínico no seu laboratório particular e a título oficioso, no Instituto Português de Oncologia (IPO).
Foi durante vários anos secretário geral da Sociedade Portuguesa de Medicina Laboratorial (SPML), tendo sido nomeado para Presidente até 1967.
Publicou, entre outras obras, «Organização da matéria viva», «A organização fundamental dos seres vivos», «Rim, fisiologia: laboratório e interpretação de análises clínicas», «Líquidos orgânicos: metabolismo da água, eletrólitos e ácido-base: fisiologia, laboratório e interpretação das análises clínicas» e «Tubo digestivo» nas associações, das quais fazia parte, designadamente: «Archives Portugaises des sciences Biologiques», «Trabalhos do Instituto de Histologia e Embriologia» e «Bulletins de la Société Portugaise des Sciences Naturelles». Coordenou o projeto editorial da «Enciclopédia Médico-Cirúrgica Luso-Brasileira» e foi colaborador da «Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira». Participou, também, em diversos periódicos, entre os quais, a Seara Nova, Biblioteca Cosmos e o Mundo Literário.
No plano político e cívico, envolveu-se desde cedo “na defesa das liberdades civis democráticas, do direito de voto, do direito de associação, em diversas plataformas cívicas até à queda da ditadura em 25 de abril de 1974.” Desde a juventude, fez parte de diversas organizações de oposição ao Estado Novo, como a União Socialista, o Movimento Nacional Antifascista (MUNAF), ou o Movimento de Unidade Democrática (MUD). Luís Ernani Dias Amado integrou diversas comissões pró-democráticas em favor de eleições livres. Em 1949 apoia a candidatura de Norton de Matos, em 1958 a de Humberto Delgado e em 1961 o «Programa para a Democratização da República», de que foi signatário. Em 1969, foi co-signatário da «Comissão Promotora de Voto» às eleições de 26 de outubro daquele ano, para a Assembleia da República.
Em 1959 é eleito presidente da Liga Portuguesa dos Direitos do Homem e integrou a «Acção Democrato-Social», plataforma de defesa das liberdades civis e políticas, foi preso várias vezes entre 1961 e 1964, tendo sido julgado e absolvido em 1964.
Foi iniciado no Grémio Lusitano em 1928, associação de beneficência e sede do Grande Oriente Lusitano (GOL), associação secreta. Em 1956 é escolhido para Grão-mestre adjunto, presidindo ao Conselho da Ordem a partir de 1957, cargo que desempenhará até 1975. A partir de 1974, é Grão-mestre efetivo do GOL, de novo legalizado como associação cívica e cultural, cargo que desempenhará até à sua morte, em 1981. Em abril de 1982 foi agraciado, a título póstumo, com o título de Grande Oficial da Ordem da Liberdade.
Fontes:
Arquivo Luís Ernani Dias Amado (1900- 2000). (PT/FCT/LEDA), Arquivo de Ciência e Tecnologia, Lisboa, Fundação para a Ciência e Tecnologia
Webgrafia
Luís Ernani Dias Amado (s.d.). Memorial aos presos e perseguidos políticos.
maio de 2022