Rómulo Vasco da Gama Carvalho

 

Professor e Pedagogo na área das Ciências Físico – Químicas (1934 – 1974).
Divulgador de temas de Ciência (1941 – 1995).
Poeta, sob o pseudónimo de António Gedeão (1956 – 1990).


A 24 de novembro de 1906, nascia em Lisboa, na Rua do Arco do Limoeiro, atual Rua Augusto Rosa, o professor, pedagogo, investigador e poeta Rómulo Vasco da Gama de Carvalho. Filho de José Avelino da Gama de Carvalho e Rosa Oliveira da Gama de Carvalho, de quem herda o gosto e interesse pela poesia e literatura.

Em 1912 ingressa na instrução primária, no Colégio de Santa Maria, terminando o ensino primário em 1914, porém, permanece no Colégio por não ter idade suficiente para ingressar no Liceu e só em 1917 continua os estudos no Liceu Gil Vicente, em Lisboa. É também neste ano que escreve as primeiras estrofes de continuação de “os Lusíadas” que viriam a ser publicadas em 1920 no Almanach das Senhoras.

Em 1925 inscreve-se na Faculdade de Ciências de Lisboa no curso preparatório de Engenharia Militar e no ano seguinte, em conjunto com o seu amigo Carlos Bana, escreve o Quod est, est (Tenho a Honra de Pedir a Mão de Violante) e que viria a ser encenada por Vasco Santana e musicada por Manuel Ribeiro e levada a cena no Teatro Nacional de S. Carlos.

Em 1928 inscreve-se no curso de Ciências Físico-Químicas na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, onde colabora no semanário Liberdade. Termina o curso em 1931 e inicia um estágio no Liceu Pedro Nunes, a par com o curso de ciências pedagógicas que frequenta na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e que vem a concluir em 1932. No ano seguinte termina o estágio no Liceu Pedro Nunes e em 1934 faz o exame de Estado para o Magistério Liceal iniciando-se como professor no Liceu Camões. Passa também pelo Liceu D. João III, em Coimbra, e em 1957 é colocado no Liceu Pedro Nunes. Exerce a sua atividade de professor durante 40 anos, aposentando-se do ensino em 1974. Foi também professor metodológico para o Grupo de Ciências Físico-Químicas entre o final da década de 1950 até 1974, tendo ajudado a formar professores de Liceu.

Desde a década de 1940 que publicou inúmeros títulos, desde livros, entre eles manuais escolares, a artigos sobre Ciência, nomeadamente Compêndio de Química ou Embalsamento Egípcio, publicado na Biblioteca Cosmos. Participou também na coleção Ciência para Gente Nova, assim como na Física para o Povo. Vem a integrar a direção da Gazeta de Física, onde se mantém durante 28 anos.

Em 1956, movido pelo seu gosto e interesse pela poesia, estreia-se com o pseudónimo António Gedeão com a publicação de Movimento Perpétuo, de onde se destaca o poema Pedra Filosofal, musicado por Manuel Freire. No ano seguinte é nomeado professor do Liceu Pedro Nunes, onde, para além de docente, dirigiu o Laboratório de Física e a Biblioteca. Foi também eleito para a Sociedade Portuguesa de Química e Física.

Na década de 1960 continua a publicar títulos, tanto como António Gedeão na poesia, como em nome próprio na ciência. Destacam-se os títulos Máquina de Fogo e História da Energia Nuclear, entre outros, e em 1963 participa no Dicionário de História de Portugal, dirigido por Joel Serrão. A sua produção científica e literária é vasta e publica de forma recorrente até à década de 1990, sobretudo após a sua aposentação do ensino em 1974, dedicando a sua vida à escrita e à investigação em História da Ciência do Século XVIII e XIX, publicando títulos como A Atividade Pedagógica da Academia das Ciências de Lisboa ou a Física Experimental em Portugal no século XVIII. Em 1976 estuda ainda o espólio do Museu Maynense da Academia das Ciências de Lisboa, tendo publicado em 1993 o livro intitulado O Material Didático dos Séculos XVIII e XIX do Museu Maynense da Academia das Ciências de Lisboa.

A sua produção literária e científica é extensíssima, tendo sido condecorado como Grande Oficial da Ordem da Instrução Pública em 1987, em 1995 com o Doutoramento Honoris Causa da Universidade de Évora e em 1996 prestam-se-lhe várias homenagens, nomeadamente a criação do Dia Nacional da Cultura Científica a 24 de novembro, por ser o dia do seu nascimento, recebe a Medalha de Mérito Cultural e é agraciado com a Grã-Cruz da Ordem de Santiago da Espada.

Vem a falecer a 19 de fevereiro de 1997, em Lisboa.

O seu espólio foi doado à Biblioteca Nacional de Portugal em 2002 e em 2006 a Biblioteca publica uma cronologia sobre a vida e obra de Rómulo de Carvalho.


Fontes:

Arquivo da Junta Nacional de Investigação Científica e tecnológica (1996). FACC: 1996 – 281 – 292: Actividades Científicas em Portugal no século XVIII – Rómulo de Carvalho – Reitoria da Universidade de Évora (PT/FCT/JNICT/DSPP-DFACC/001/0269), Arquivo de Ciência e Tecnologia, Lisboa, Fundação para a Ciência e Tecnologia.

Arquivo da Junta Nacional de Investigação Científica e tecnológica (1997 – 1998). FACC: 1997 – 608 – 620: Universidade de Évora – Colectânea de Estudos Históricos (1953-1994), de Rómulo de Carvalho (PT/FCT/FCT/DAI-EPPFACC/001/0694), Arquivo de Ciência e Tecnologia, Lisboa, Fundação para a Ciência e Tecnologia

Arquivo da Junta Nacional de Investigação Científica e tecnológica (2000 – 2003). FACC: 2000 – 447 – 462: Museu da Ciência da Universidade de Lisboa – Exposição Temporária Rómulo de Carvalho – A Pedagogia da Ciência como Pedra Filosofal (PT/FCT/FCT/DAI-EPPFACC/001/0089), Arquivo de Ciência e Tecnologia, Lisboa, Fundação para a Ciência e Tecnologia

Arquivo José Francisco David Ferreira (1983 – 2000). Artigos científicos e outros escritos [VIII]: Programa de palestras no âmbito de pedra filosofal – Rómulo de Carvalho/António Gedeão, exposição organizada pelo Museu de Ciência da Universidade de Lisboa (PT/FCT/JFDF/VAC/004/0008), Arquivo de Ciência e Tecnologia, Lisboa, Fundação para a Ciência e Tecnologia.

Arquivo José Mariano Rebelo Pires Gago (1986 – 1996). Fotografias – I: Homenagem ao professor Rómulo de Carvalho, 28 de novembro de 1996  (PT/FCT/JFDF/VAC/004/0008), Arquivo de Ciência e Tecnologia, Lisboa, Fundação para a Ciência e Tecnologia.

Webgrafia:

Biblioteca Nacional. (2006). António é o meu nome: Rómulo de Carvalho. BN.

Universidade Digital, Gestão de Informação. (2008). Antigos estudantes ilustres da Universidade do Porto: Rómulo de Carvalho. Universidade do Porto.

 

 

Janeiro de 2025