José Pinto Peixoto

 

Fotografia de SousaDiretor do Serviço Meteorológico Nacional (1960-1969).
Vice-reitor da Universidade de Lisboa (1969-1973).

Diretor do Instituto Geofísico Infante D. Luís (1970-1996).


José Pinto Peixoto nasceu em Miuzela, concelho de Almeida, no dia 9 de novembro de 1922. Faleceu a 6 de dezembro de 1996.

Depois de concluídos os estudos no Liceu Nacional de Gil Vicente, ingressou na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, na qual se licenciou em Ciências Matemáticas, em 1944, e em Ciências Geofísicas, em 1952. Entretanto fez estágios no Observatório Central Meteorológico do Infante D. Luís, da Universidade de Lisboa, e no Serviço Meteorológico do Canadá.

Foi meteorologista do Serviço Meteorológico Nacional desde 1946. A partir de 1951 foi também instrutor do Estágio para Meteorologista do pessoal técnico superior. Nomeado chefe do Posto Central da Previsão do Tempo, em 1959, foi responsável pela sua atualização com a introdução de novas técnicas e processos de trabalho. Assumiu o cargo de Chefe da Divisão de Estudos em 1962.

A partir de 1952 acumulou, com esta atividade profissional, funções de docente na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Foi nomeado Assistente Extraordinário e responsável pelas aulas práticas de Meteorologia, cadeira da qual passou a regente, em 1956. A partir de 1959, regeu nesta faculdade e na Universidade da Beira Interior as cadeiras de: Meteorologia Física; Meteorologia Dinâmica; Dinâmica da Atmosfera; Teorias da Circulação Geral da Atmosfera; Física do Ambiente; Teorias do Clima; Hidrologia Dinâmica; Física do Ambiente e Energética; Física Teórica; Métodos Matemáticos da Física; Física Matemática da Radiação.

Também lecionou noutras universidades portuguesas e estrangeiras, na Universidade Nova, na Universidade do Algarve, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, na Universidade dos Açores, no MIT e na Universidade de Princeton.

No MIT foi convidado a lecionar durante as visitas de trabalho que, com frequência, fazia a este instituto para prosseguir e orientar trabalhos de investigação em projetos sobre a circulação geral da atmosfera. Pinto Peixoto costumava deslocar-se aos EUA duas vezes por ano – no inverno e no verão – e repartia o tempo pelo laboratório de Oort, o MIT e a Universidade de Princeton.

Entre outubro de 1954 e outubro de 1956 foi bolseiro no MIT – Instituto de Tecnologia de Massachussets. Integrado na equipa de Vitor P. Starr, no Projeto da Circulação Geral da Atmosfera, dedicou-se ao estudo do ciclo da água à escala global e criou uma metodologia de análise baseada em dados de sondagens atmosféricas, cujo resultado foram os primeiros mapas globais do transporte de água pela circulação atmosférica.

Foi com base neste trabalho que veio a defender a sua tese de doutoramento Contribuição para o estudo da energética da circulação geral da atmosfera, em 1959, e em 1964, a dissertação Aplicação da análise espectral ao estudo da circulação planetária da atmosfera aquando da passagem a Professor Agregado de Física.

A partir de 1963 participou no projeto Estudos observacionais e teóricos das atmosferas planetárias, da Fundação Nacional da Ciência dos Estados Unidos da América. Nas décadas seguintes trabalhou em estreita colaboração com Abraham H. Oort no Geophysical Fluid Dynamics Laboratory, em Princeton, sobre a circulação atmosférica e a variabilidade interanual do clima.

Foi com base nas investigações dos anos 60, 70 e 80 que foram desenvolvidos os atuais modelos de circulação global da atmosfera, principais ferramentas de previsão do tempo e de investigação da dinâmica da atmosfera e do clima.

Em 1960 foi-lhe atribuído o prémio Artur Malheiros de Ciências Físicas e Químicas da Academia de Ciências de Lisboa, pelo trabalho Contribuição para o estudo dos campos médios da distribuição e do fluxo meridional da entalpia na atmosfera.

O prémio Boa Esperança da Ciência e Tecnologia, de 1989, foi-lhe atribuído em coautoria por trabalhos sobre Sistemas, Entropia e Coesão. A sua obra Physics of climate foi distinguida em 1992 com o mesmo prémio.

Vários foram os cargos que desempenhou ao longo da sua vida, dos quais destacamos:

  • Diretor do Serviço Meteorológico Nacional (1960-1969);
  • Vice-reitor da Universidade de Lisboa (1969-1973);
  • Diretor do Instituto Geofísico Infante D. Luís (1970-1996);
  • Membro da Academia das Ciências desde 1963, entre 1980 e 1996 assumiu a presidência da Classe de Ciências e, em anos alternados, a presidência da academia;
  • Responsável pelo Centro de Geofísica que criou em 1975, em parceria com Luís Mendes Victor;
  • Vogal da Comissão Instaladora da Universidade Nova de Lisboa (1972-1975);
  • Presidente da Conferência das Nações Unidas sobre a Desertificação da Região do Mediterrâneo (1977);
  • Vogal do Comité Executivo da Fundação Europeia da Ciência (Estrasburgo, 1980-1986).

Foi também membro, consultor ou conselheiro do Instituto Nacional de Investigação Científica (INIC), do Ministério do Ambiente, da Comissão Nacional do Espaço Exterior, do Conselho do Fomento Cultural, da Comissão  INVOTAN, da Comissão Nacional do Decénio Hidrológico Internacional, da Comissão Nacional do STRIDE, do Conselho Nacional de Cartografia, da Académie Européene des Sciences (Paris), da American Meteorological Society, da Sociedade de Geografia de Lisboa e da Sociedade Portuguesa de Física.

Além de membro dos Senados da Universidade de Lisboa e da Universidade da Beira Interior, representou o Governo português em várias conferências internacionais sobre Hidrologia, Meteorologia, Ambiente e Política Científica e foi convidado para proferir conferências, seminários e lições em várias universidades, serviços meteorológicos e academias de Ciência.

Começou a publicar em 1956 e à data da sua morte, em 1996, tinha publicado inúmeros artigos em várias revistas científicas de referência, nomeadamente na Scientific American, na La Recherche e na Reviews of Modern Physics.

Fez parte da Comissão de Redação da revista científica Portugaliae Physica.

Entre 1974 e 1985 publicou vários trabalhos, em coautoria com Abraham H. Oort, sobre estudos de diagnósticos do sistema climático da terra.

Publicou também livros com base nos seus trabalhos de investigação:

  • Hidrometeorologia Dinâmica, (496 pp), 1972;
  • Atmospheric Water Vapor Computation for Hidrological Purposes, editado pela Organização Meteorológica Mundial, WMO-OMM Genebra (83 pp);
  • Sistemas. Entropia, Coesão, editado pela Discórdia, Lisboa, (271 pp), 1991 (com colab. F. Carvalho Rodrigues);
  • Physics of Climate, editado pelo American Institute of Physics , Nova Iorque, 1992 (com colab. de Abraham Oort), (570 pp).

Obras suas estão incluídas na coleção O Homem, o Clima e o Ambiente, da Secretaria de Estado do Ambiente e Recursos Naturais.

Colaborou no estudo e organização da informação para a elaboração do Atlas climatológico e hidrológico da Península Ibérica.


 

Fontes:

Arquivo de Ciência e Tecnologia

Peixoto, José (1966). Curriculum Vitae (PT/FCT/JMM/JNICT/0005), Arquivo José Caetano Pinto Mendes Mourão, Arquivo de Ciência e Tecnologia, Lisboa, Fundação para a Ciência e Tecnologia.

Webgrafia (acedida em agosto de 2022):

Universidade da Beira Interior (s.d.). Curriculum_Vitae_Jose_Pinto_Peixoto

 

Agosto de 2022