Ministro da Educação Nacional (1955-1961).
Reitor da Universidade Técnica de Lisboa (1963-1966).
Presidente da Junta de Energia Nuclear (1961-1967).
Presidente da JNICT (1967-1971).
Presidente do Instituto Gulbenkian de Ciência (1967-1969).
Francisco de Paula Leite Pinto (Lisboa, 1902 – Estoril, 2000) realizou os seus estudos secundários no Liceu Camões. Em 1919, ingressa no curso de matemática da Faculdade de Ciências de Lisboa, mas acaba por concluir os estudos superiores com uma licenciatura em engenharia geográfica, em 1924. Iniciou a sua carreira profissional como docente nos Liceus Pedro Nunes e Fialho de Almeida. Em 1929, parte para França com uma bolsa da Junta de Educação Nacional (JEN) matriculando-se na Universidade de Paris para obtenção de um Diploma de Estudos Superiores de Astronomia (1930). Novamente bolseiro da JEN, frequenta, também em Paris pela mesma época, a École Nationale des Ponts et Chaussées, conceituada instituição que lhe outorga o diploma de engenharia civil. Francisco de Paula Leite Pinto prepara entretanto o seu doutoramento em astrofísica. Regressa a Portugal em 1933, retomando a atividade docente no Liceu Gil Vicente. Em 1934, é eleito secretário geral da JEN, cargo que desempenhará até 1936, ano em que assumirá responsabilidades como dirigente da «7ª Secção» («Alta Cultura») na recém-criada Junta Nacional de Educação, embrião do que será o Instituto de Alta Cultura.
Diretor dos Serviços de Propaganda da Mocidade Portuguesa, Francisco de Paula Leite Pinto foi deputado à Assembleia Nacional e procurador da Câmara Corporativa, subsecção de ensino, durante o Estado Novo (desde 1938 e até 1955, e novamente de 1968 a 1973), tendo apresentado com Francisco Nobre Guedes um curioso projeto de lei sobre aviação sem motores, em 1939 (que retomava o seu interesse por esses engenhos afirmado no opúsculo «Sideróstatos, Helióstatos e Celóstatos», publicado em 1934 como anexo a um relatório enviado à JEN). Foi ministro da Educação Nacional, entre 1955 e 1961, tendo igualmente dirigido o Instituto de Alta Cultura, organismo a que era então confiada a então ainda circunscrita política nacional de ciência.
Nessa qualidade, entre 1954 e 1955, preside à Comissão de Estudos de Energia Nuclear do mesmo Instituto de Alta Cultura que contribuira para formar, tomando posse em 1961, como presidente da Junta de Energia Nuclear, tendo sido, por inerência, representante de Portugal na Agência Internacional de Energia Atómica.
Em 1967 toma posse como presidente da Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica que contribui para fundar e organizar, tendo como pano de fundo a reformulação da atividade educativa e científica nacional proposta no quadro do IIIº Plano de Fomento (1967-1973). Propõe uma modernização e descentralização relativas das atividades de investigação científica e tecnológica, ideias que se encontram expressas no amplo preâmbulo ao Decreto-lei que funda a JNICT. Essas ideias aliás traduzem uma conjuntura nova de um certo degelo nacional e internacional, ao nível da ciência ainda estimulado com a entrada em cena de uma poderosa instituição privada, a Fundação Calouste Gulbenkian, de que Leite Pinto fará parte como administrador e simultaneamente como presidente do IGC, Instituto Gulbenkian de Ciência também inaugurado em 1967.
Francisco Leite Pinto foi professor catedrático do ISCEF, entre 1940 e 1947 e a este Instituto regressaria após a sua presidência da JNICT terminada em Novembro de 1971. Deixa uma obra diversificada na qual avultam trabalhos de carater político-institucional – «As Comunicações na Política de Fomento (1952); «A Educação no Espaço Português» (1963), «Da Instrução Pública à Educação Nacional» (1966) etc. -, didático – «Lições de Aritmética Racional» (1945), «Lições de Estatística» (1955)… -, e outros, por fim, de carater propriamente científico ou de erudição histórica como «Determinação da Latitude» (1926), «A Cromosfera do Sol» (1929), «L’astronomie nautique du Portugal à l’époque des grandes découvertes» (conferência proferida na Sorbonne em Paris, 1933), «Investigação Científica e Tecnológica» (discurso por ocasião da sua tomada de posse como presidente da JNICT em 1967), «O Ensino Humanista dos Jesuítas» (1969), entre outras. Foi um homem «do regime» com o qual sempre colaborou e a que sempre se manteve leal. Deixou o país, em 1974, estabelecendo-se em Paris e pouco depois no Rio de Janeiro, regressando a Portugal já nos anos 80.
Membro da Ordem dos Engenheiros desde 1937, foi agraciado em diversas ocasiões, a primeira das quais em 1939, com o grau de Comendador da Ordem da Instrução Pública, seguindo-se os títulos de Grande Oficial da Ordem de Cristo (1946), Grã-cruz da mesma Ordem (1958), Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública (1960), das Ordens Infante D. Henrique (1961) e Sant’Iago da Espada (1967), por fim.
Fontes:
Arquivo de Ciência e Tecnologia: Processo individual de Francisco de Paula Leite Pinto [PT/FCT/JNICT/DSGA-RPE-SP/001/0017/70].
Idem: Fundo da Junta de Energia Nuclear; Recortes de imprensa etc. [PT/IST/JEN/DSC/006/0057].
Jaime da Costa Oliveira (2003): Fotobiografia de Francisco de Paula Leite Pinto – 1902-2000 – Homem da Ciência e da Cultura; Memória publicada «No centenário do nascimento de Francisco de Paula Leite Pinto», Sociedade de Geografia de Lisboa/Instituto Tecnológico Nuclear.
(disponível na coleção ACT)
Outubro de 2014