Ano de 2020
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Março
Neste espaço dedicado à divulgação do Arquivo da FCT, relembramos o início da preparação da adesão de Portugal à Agência Espacial Europeia (ESA) em 1989. «A ESA representou para Portugal o principal portal de acesso ao espaço, constituindo-se para todos os efeitos, como a nossa Agência Espacial». Portugal tornou-se membro a 14 de novembro de 2000.
O espaço sideral foi sempre motivo de encantamento para o Homem, visto da Terra, um céu escuro, tem sido desde os primórdios da humanidade motivo de fascínio. O sonho de chegar ao espaço foi-se tornando realidade à medida que os avanços tecnológicos o permitiram alcançar. A antiga crença de que quem dominasse os mares dominava a Terra, deu lugar ao facto de que quem dominasse os ares, conquistaria também a Terra.
Portugal compreendeu que as atividades espaciais e em particular as concretizadas pela ESA eram de grande relevância, nomeadamente pela possibilidade dos centros de investigação e empresas portuguesas poderem vir a ser fornecedores ou subcontratantes na produção de equipamentos espaciais, o que traria desenvolvimento científico e tecnológico ao país.
Em 1989 foi criado no âmbito da Secretaria de Estado da Ciência e da Tecnologia, através do despacho conjunto dos ministros da Defesa Nacional, do Planeamento e da Administração do Território, dos Negócios Estrangeiros, da Industria e da Energia e das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, um grupo de trabalho com o objetivo de conduzir as negociações da adesão. A presidência estava entregue à Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (JNICT), sendo o presidente Carlos Eduardo da Costa Salema o representante que presidiu ao grupo de trabalho. Atualmente a representação de Portugal ao nível do Conselho está entregue à Fundação Para a Ciência e a Tecnologia (FCT), sob a dependência do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
Na perspetiva da União Europeia acredita-se que o Espaço é facilitador de uma maior competitividade da economia da UE, com o apelo ao aumento do investimento comunitário na investigação e inovação relacionadas com o espaço.
O trabalho realizado no final dos anos 80 início de 2000, serviu de base para que Portugal desse um novo passo em 2019 com a criação da Agência Espacial Portuguesa – Portugal Space, sediada na ilha de Santa Maria, nos Açores.
Fevereiro
Legenda; Luís Ernani Dias Amado (Imagem retirada do blog Almanaque Republicano)
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Em fevereiro dedicamos este espaço à memória de uma importante figura da oposição ao Estado Novo. Recordamos Luís Ernani Dias Amado (1900 – 1981), nascido a 19 de janeiro de 1901 na freguesia de S. Paulo em Lisboa. Médico, histologista, analista, investigador e professor catedrático na Faculdade de Medicina de Lisboa, muito ativo politicamente desde jovem, foi um dos fundadores e dirigente da Liga da Mocidade Republicana e da União Socialista e empenhou-se ativamente no Movimento de Unidade Nacional Antifascista (MUNAF) e no Movimento de Unidade Democrática (MUD).
Detido várias vezes pela Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE), mais tarde PIDE, esteve preso em isolamento na cadeia do Aljube. Em 1947, na grande depuração política de intelectuais, cientistas e universitários oposicionistas do regime foi demitido compulsivamente da Faculdade de Medicina de Lisboa e destituído do cargo de Chefe de Serviços de Análises Clínicas dos Hospitais Civis de Lisboa. Seria reintegrado em 1975, simbolicamente, aos 74 anos como Professor Catedrático na mesma Faculdade.
Voltou a ser preso pela PIDE em 1961, na sequência de ter sido um dos signatários do «Programa para a Democratização da República» com data de 31 de janeiro de 1961, documento elaborado pela Acção Democrato-Social com a colaboração da Resistência Republicana, subscrito por 62 personalidades da oposição republicana e socialista.
Parte do seu arquivo pessoal foi doado ao Arquivo de Ciência e Tecnologia, pela sua filha Luísa Irene Dias Amado, também ela ativista política na luta antifascista. Através dos documentos do seu Arquivo ficamos a conhecer as duas facetas públicas deste homem, a sua atividade profissional e também a sua atividade política de oposição ao Estado Novo. Comprovam-no, alguns dos processos conservados no ACT, como o processo judicial onde se destacam dois recortes do jornal «República», de 23 e 28 de outubro de 1964 relativos ao “julgamento político” de Dias Amado no Tribunal Plenário da Boa-Hora, em Lisboa, «acusado de actividades subversivas» (sic) e à leitura da sentença, «após cerca de um ano de detenção». Os recortes foram rasurados pelos «Serviços de Censura», antes de receberem o visto de “autorizado com cortes”.
Catarina Cândido
Fonte consultada (disponível para consulta no Arquivo de Ciência e Tecnologia da FCT):
Arquivo Luís Ernani Dias Amado: PT/FCT/LEDA
Webgrafia:
Acedido em janeiro de 2020; Fundação Mário Soares
Acedido em janeiro de 2020; Casa comum
Janeiro
Legenda; falta texto…
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O ano em revista do Arquivo de Ciência e Tecnologia é o mote que propomos para a rúbrica Factos e curiosidades do primeiro mês de 2020. Vamos contabilizar, assinalar e comunicar aquilo que foi feito pela equipa do ACT, de janeiro a dezembro de 2019, nas suas grandes áreas de atuação: tratamento e disponibilização de arquivo histórico, gestão do arquivo intermédio e arquivo corrente.
É missão do ACT o tratamento e a disponibilização do arquivo histórico à guarda da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Para o efeito, a equipa de técnicos especialistas em Ciências da Informação e da Documentação, desenvolveu ao longo do ano de 2019 várias ações de reacondicionamento, higienização e descrição arquivística em aplicação informática normalizada, tendo sido criados cerca de 2 mil registos.
Focada na importância de disponibilização de documentação para consulta, a equipa do ACT recebeu e deu resposta a pedidos de requisição externa – na sua maior parte para fins académicos, necessários no âmbito da realização de trabalhos científicos –, e a pedidos de requisição interna – de natureza vária, como por exemplo, para emissão de segunda via de documento, para consulta e apoio no âmbito de processos em curso, para contagem de tempo de serviço para efeitos de cálculo de pensão, entre outros.
Os arquivos mais consultados foram os da Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (JNICT), do Instituto Nacional de Investigação Científica (INIC), da Junta de Energia Nuclear (JEN), do Instituto Nacional de Investigação Industrial (INII), da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e do médico e cientista Luís Ernani Dias Amado.
Destacamos no contexto das requisições internas, que, maioritariamente, disponibilizámos arquivo para a satisfação de interesses e necessidades do cidadão. Também o tempo médio de resposta superou as expectativas planeadas pelo ACT, sendo em média de 2 dias após a receção do pedido.
Outra área de atuação do ACT que mereceu uma forte aposta no ano de 2019 foi a implementação e monitorização de um novo sistema eletrónico para a gestão de documentos e processos em ambiente digital. Este é um projeto que visa promover a desmaterialização e, simultaneamente, a simplificação dos processos de negócio. O ano de 2020 será determinante para a prossecução deste projeto. Interoperabilidade, partilha de informação, centralização, reutilização, recuperação, disseminação e preservação da informação, são temas a tratar e que necessariamente irão levar a novos projetos na instituição. Um caminho necessário para a constituição de um Arquivo Digital, para salvaguarda da nossa história e memória coletiva.
No decorrer do ano passado, o Arquivo de Ciência e Tecnologia assinalou datas comemorativas e participou em eventos com o objetivo de dar a conhecer e promover os acervos documentais à guarda da FCT, bem como a missão, trabalhos realizados e trabalhos em curso. A comunicação daquilo que existe no ACT e do que este Arquivo se propõe fazer tem merecido a melhor atenção por parte da equipa.
Destaca-se a participação no evento de ciência anual, o CIÊNCIA 2019, encontro que tem como principal objetivo estimular a participação e a interação entre investigadores e público em geral; a organização de uma iniciativa de troca de livros nas instalações da FCT, para assinalar o Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor, comemorado em abril; a visita da turma de mestrado em Comunicação da Ciência, da FCSH-UNL, no âmbito do seminário «Ciência e Sociedade»; a realização de uma pequena mostra comemorativa para assinalar os 8 anos de atividade do ACT, cumpridos a 16 de dezembro, em género de Conta-me como foi na JNICT.
Para 2020 o objetivo mantem-se: tratar e preservar a informação produzida pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia no exercício da sua atividade, assim como promover, divulgar e permitir o acesso ao acervo documental depositado no Arquivo de Ciência e Tecnologia.
Cátia Matias Trindade