Vida Científica / Ciência

Disponível em pdf: Registo de Autoridade Arquivística do Vida Científica/ Ciência

Identificação

Tipo de entidade
Entidade Coletiva1

Forma (s) autorizada (s) do nome

Diário de Lisboa – Vida Científica/ Ciência
Diário de Lisboa Vida Científica Ciência

Descrição

Datas de existência
Lisboa, 1 de junho de 1965 a 17 de junho de 1969.

História

Entre 1965 e 1969, o Diário de Lisboa assumiu a publicação da primeira página dedicada à Ciência e à investigação científica num jornal diário em Portugal. Publicada à terça-feira sob a designação de Vida Científica e mais tarde de Ciência, contou com a colaboração de vários organismos públicos, nomeadamente laboratórios de estado do Serviço Meteorológico Nacional e do Instituto Hidrográfico da Marinha, e imprensa internacional nomeadamente revistas existentes em bibliotecas de Lisboa, como a Nature, Science, Scientific American, New Scientist, Science et Vie, Science et Avenir e dos institutos de outros países como os casos do Instituto Francês, do Instituto Britânico, do Instituto Alemão e da Biblioteca Americana. Estabeleceu contactos com organizações internacionais, como o caso da UNESCO e OCDE, assim como com embaixadas em Lisboa, em particular a de França, Israel e Japão e beneficiou do exclusivo com o Le Monde – Diário de Lisboa, assim como do Le Courrier da UNESCO e o L’ Observateur da OCDE.

Criada por Rui Namorado Rosa, Maria Beatriz Ruivo e Elsa Anahory, com o apoio de Mário Neves, à época diretor adjunto do Diário de Lisboa, iniciou a sua publicação a 01 de junho de 1965 com a designação de Vida Científica, tendo sido alterada para Ciência a 28 de maio de 1966 e mantendo-se assim até à última publicação a 17 de junho de 1969.

Esta página surge com o objetivo de ser divulgadora e comunicadora de Ciência, numa época em que nada existia em Portugal com este intuito, pretendendo ser igualmente um meio de comunicação entre académicos, investigadores, professores e estudantes.

Lugares
Lisboa, entre 1965 e 1969.

Funções, ocupações e atividades
Página semanal, publicada todas as terças-feiras, e que visava a divulgação de notícias e artigos sobre Ciência e produção científica tanto no estrangeiro como em Portugal.

Mandatos/Fontes de autoridade

Foi publicado durante quatro anos, entre 1965 e 1969, e teve uma distribuição a nível nacional, sem ter um regulamento ou legislação específica aplicável.

Contexto geral

A Vida Científica / Ciência foi publicada no jornal Diário de Lisboa, vespertino publicado entre 1921 e 1990, tendo sido a sua primeira edição a 07 de abril de 1921 e a última a 30 de novembro de 1990. Caracterizou-se por ser um periódico que procurou isenção e liberdade na imprensa, mesmo durante o Estado Novo.

Desde a sua primeira edição, foi um jornal que procurou divulgar temas da atualidade, fazendo a diferença e muitas vezes escrevendo nas entrelinhas de forma a fazer passar os seus textos na censura. Nos anos 20 foi um particular divulgador de literatura e artes, tendo como colaboradores nomes como Fernando Pessoa, Almada Negreiros e Stuart Carvalhais. Desde os tempos das primeiras edições que se caracterizava pela sua postura independente, do ponto de vista da filiação política, mesmo depois do 25 de Abril de 1974.

Mas é na década de 1960 que surgem os seus suplementos com mais leitores, nomeadamente o Juvenil ou A Mosca, que representavam uma «lufada de ar fresco» num contexto social desgastado. Nos finais da década de 1960, o Diário de Lisboa era já um dos jornais preferidos da população estudantil universitária, com nomes como Alice Vieira e Eduardo Prado Coelho. Neste contexto de necessidade de inovação, surge a secção Vida Científica/ Ciência, dirigida por recém-licenciados pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e que fazendo jornalismo científico, divulgam atividade científica em Portugal e sobretudo no estrangeiro, nomeadamente temas da atualidade da época como o que se dizia a «Moderna Biologia» como a Biologia Molecular, tratando de temas como ADN e ARN. Abordaram-se questões da Física e Engenharia Nuclear, Física de partículas, a divulgação de temas como o laser, a datação por Carbono 14. Estávamos no auge da investigação espacial, falou-se de astronomia e astrofísica, a possibilidade de missões a Vénus, a Lua e os preparativos para a chegada do Homem à lua, acontecimento que foi sendo apresentado entre outubro de 1968 e 1969 e a colocação de satélites em órbita. Falou-se de computadores, à época designados de ordenadores por influência francófona do termo ordinateur, energia solar, a energia nuclear, geodesia, geologia, paleontologia, vulcanismo, sismologia, geofísica, meteorologia e até melhoramento de plantas, zootecnia, ambiente e poluição. Nas ciências médicas falou-se de imunologia, cancro, o início dos transplantes de coração e regulação da natalidade com o tema da pílula, que constituiu um desafio à censura da época.

Relações com outras entidades


Nome da entidade
Diário de Lisboa


Tipo de relação
Associativa2


Datas da relação
01/06/1965 – 17/06/1969


Controlo

Regras e/ou convenções
Conselho Internacional de Arquivos (2004). ISAAR (CPF): Norma Internacional de Registro de Autoridade Arquivística para Entidades Coletivas, Pessoas e Famílias. 2ª ed. Disponível em: http://www.ica.org/sites/default/files/CBPS_Guidelines_ISAAR_Second-edition_PT.pdf

Estado do registo de autoridade
Finalizado

Nível de detalhe
Médio

Datas de criação, revisão ou eliminação
01/09/2023

Língua e escritas
Português: PT

Fontes

Lobo, Cláudia (2022). O Essencial sobre o Diário de Lisboa. Imprensa Nacional. Lisboa.

Lusa (2011, 30 de junho). Diário de Lisboa regressa uma vez por ano para manter viva memória de jornal de referência. Público.

Ruivo, Beatriz (2018). A secção Vida Científica Ciência do Diário de Lisboa (1965-1969). SINAPIS editores.

Ruivo, Beatriz (2021, 29 de novembro). A secção Vida Científica/Ciência no Diário de Lisboa (1965-1969) [Apresentação de comunicação]. Colóquio São mesmo as últimas: Diário de Lisboa 1921-1990, Lisboa, Portugal.

Notas de manutenção
Arquivo de Ciência e Tecnologia

Notas

1. Na identificação do tipo de entidade, considerou-se pessoa coletiva, apesar de se tratar de uma coleção referente a uma secção do jornal e balizada no tempo.

2. Segundo a norma ISAAR(CPF), este tipo de relação tem este enquadramento por não ser abrangida pelas outras categorias definidas na referida norma. Pp. 28 e 29.

Abril 2024